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'Estupradores' Financeiros por Gretchen Small 5 de setembro (EIRNS)—Em 16-18 de julho de 2014, a Presidente Dilma Rousseff foi anfitriã da VI Cimeira das nações BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - em Fortaleza, no Brasil, com os chefes de estado de toda a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), à qual se juntaram chefes de estado representantes do México, do Caribe e da América Central. Foi na cimeira de Fortaleza que o acordo foi alcançado para estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, e os BRICS emergiram como uma força global independente, empenhada, tal como disse Rousseff, em acabar com "dependências de qualquer espécie" e em procurar, "nós mesmos, nossa autonomia científica e tecnológica", entre outros objetivos. E por causa do papel do Brasil, toda a América do Sul se juntou a tais objetivos. Dois anos e umas poucas semanas depois, no passado dia 31 de agosto, Dilma Rousseff foi destituída pelo Senado do Brasil sob acusações espúrias, por crimes que ela não cometeu. A antiga Presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner, que desempenhou um papel importante ela própria nessa cimeira de 2014, imediatamente nomeou os BRICS e a participação da América do Sul com estes, como o alvo estratégico deste "golpe". O 31 de agosto, Fernández disse a Roberto Navarro da Rádio 10, anfitrião do programa de televisão Economia Política, que o Brasil, o Equador, a Bolívia e o seu próprio governo (antes do seu mandato terminar em dezembro de 2015) ficaram alvejados por terem adotado uma política externa mais independente e por se terem aliado à Rússia e à China. Questionada por Navarro sobre se estava ela a dizer que os Estados Unidos da América reagiram à política externa adotada por Dilma, ela própria [Fernández] e outros, ela respondeu que "a reunião que Dilma realizou no Brasil, entre o MERCOSUL, a UNASUL e os BRICS, não caiu muito bem entre as potências extra-continentais" por trás do golpe contra Rousseff. O golpe foi "um elemento de uma desestabilização regional, vinda de setores econômicos concentrados, internos e externos", disse ela. As "superpotências" responsáveis pela execução do mesmo orquestram "uma dura estratégia contra governos populares e os seus líderes", uma análise com a qual o Editor Fundador da EIR Lyndon LaRouche concordou inteiramente.
A Próxima Batalha Já Começou Ao deixar o presidencial Palácio da Alvorada após o Senado ter votado destituí-la, a Presidente Rousseff tornou claro que a luta pelo Brasil não terminou, mas irá antes se intensificar: "O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária (...) Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social. (...) “Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer. (...) Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano."
O forte testemunho de Rousseff em sua própria defesa durante o julgamento de impeachment (ver discurso em anexo de Dilma), ganhou reconhecimento público internacional, ainda que relutante, de que o seu impechment não tinha legitimidade, mas que era uma moderna forma de golpe. Até o Le Monde de França e a Der Spiegel da Alemanha foram forçados a admiti-lo. A acusação sob a qual ela foi destituída - de que ela ordenou créditos suplementares para cobrir défices orçamentais em alegada violação de uma lei orçamental equilibrada - o que tinha sido feito por todos os recentes governos brasileiros - era já ridícula. Mas então, o Congresso Brasileiro passou a Lei 31.332/2016 o 2 de setembro, que legalizou a mesma prática contabilística orçamental pela qual Dilma tinha sido destituída dois dias antes! Até o Professor de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ricardo Lodi, que testemunhou em defesa de Rousseff durante o julgamento, estava pasmado. Ele disse ao Jornal do Brasil que a nova lei confirmou o que ele tinha dito no Senado: "a conduta não era ilícita antes e nem seria depois. Só foi considerada crime para a aprovação do impeachment. Não tiveram nem o pudor de disfarçar!" A Vice-Procuradora-Geral da República do Brasil Ela Wiecko demitiu-se do seu posto na véspera do voto de impeachment, como protesto contra este "golpe", e informou a revista Veja de que "tem muita gente que pensa como eu dentro da instituição". Brincando com o Fogo O patético fantoche brasileiro de Wall Street "Presidente" Michel Temer, passou muito do seu tempo na cimeira dos G-20 em Hangzhou, China, a assegurar que com Dilma fora do governo, o Brasil irá rapidamente realcançar a estabilidade econômica e política. Isto é uma fraude. Nenhum governo, nem de Temer nem qualquer combinação usurpadora, poderiam impor "de modo estável" ao Brasil o nível de pilhagem e perda de soberania que Wall Street e o fantoche do Império Britânico Obama estão exigem. As forças estrangeiras que colocaram Temer no poder sabem disto. Ele é apenas alguém que ocupa temporariamente o lugar e que pode ser jogado fora, no caminho para o derrube completo do Brasil enquanto nação.
O senador Roberto Requião, do estado do Paraná, avisou durante o julgamento de impeachment que os planos econômicos daqueles que estão por trás deste golpe espalham as sementes da guerra civil. Tal como Rousseff no seu testemunho, ele detalhou os planos dos "abutres e corvos" financeiros e geopolíticos por trás do golpe, de impor um congelamento de 20 anos em todas as despesas e em todos os investimentos em saúde, saneamento, educação, infraestrutura, habitação e segurança pública. Eles irão garantir o pagamento de juros sobre a dívida e privatizar o património energético, mineral, agrícola, produtivo e tecnológico da nação. Ele perguntou: "As senhoras e os senhores estão preparados para a guerra civil? Não? Entrincheirem-se, então, porque o conflito é inevitável. O povo brasileiro, que provou por alguns poucos anos, o gosto do avanço social não retornará submissamente à senzala". Lidando Com o Brasil em Si É esta uma batalha entre a "esquerda" e a "direita", tal como insistem comentários estúpidos? As forças que presentemente debatem entre si sobre como salvar a nação são muito mais abrangentes. O senador Requião, que se auto-intitula socialista, por exemplo, faz parte de um movimento nacionalista "Aliança pelo Brasil" fundado em 2015 para juntar pessoas e grupos de diferentes visões políticas e ideológicas que estão empenhados em defender a soberania nacional, o povo do Brasil e o desenvolvimento nacional. Os seus membros vão desde a Associação Brasileira de Advogados a representantes das indústrias nuclear, petrolífera, de engenharia e de construção pesada, e engloba o setor da indústria militar e de defesa avançado. Estas forças compreendem que confrontam os interesses de banqueiros e financistas, parasitas não produtivos que não sabem nada e não se preocupam com nada acerca do povo ou da nação do Brasil. O forte Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, uma força proeminente na Aliança, emitiu uma declaração o 17 de junho último, listando iniciativas tomadas pelos responsáveis pelo impeachment que iriam desmantelar as capacidades produtivas de fundo da nação, incluindo emendas constitucionais para bloquear a finalização do domínio do Brasil de todo o ciclo de produção de matéria-prima nuclear e privatizar as duas centrais nucleares já em operação; privatizar a companhia petrolífera estatal, Petrobras; entregar os campos petrolíferos do pré-sal a interesses estrangeiros; alterar o código mineiro para favorecer multinacionais estrangeiras; e permitir compras ilimitadas de terras por estrangeiros para serem usadas como estes queiram. O objetivo é "relegá-nos à condição de fornecedores de matérias-primas (...) É a volta ao Brasil Colônia", escreveram os engenheiros. Esta Guerra Irá Ser Ganha Globalmente Estas forças também sabem que o mundo mudou, tal como foi mais dramaticamente demonstrado na Cimeira dos G-20 que terminou hoje em Hangzhou, China. Apesar dos contratempos na América do Sul, o comboio que deixou a estação na cimeira de Fortaleza não foi descarrilado; está a acelerar. A ameaça aumenta para os "estupradores" financeiros - tal como LaRouche os apelidou - que dirigiram o golpe no Brasil. Patriotas sul-americanos viram-se para essa realidade global, enquanto reagrupam as suas forças para um contra-ataque. A coluna acutilante de 30 de Agosto do jornalista veterano brasileiro Mauro Santayana, "Herr Schiemer e o Futuro do Brasil", é indicativa do espírito que desenvolve no Brasil e em outros sítios na região. Respondendo aos ultimatos do chefe da Mercedes-Benz no Brasil, Santayana escreveu que Schiemer oferece ao Brasil um regresso ao "velho mundo da época do Império persa ou do romano (...) em que as diferentes colônias ou países tinham que acomodar seus sistemas produtivos aos interesses de grupos econômicos estrangeiros". Mas, agora há "o novo mundo da China", seguiu ele. O modelo chinês é completamente diferente. "Pequim investe diretamente em tudo que envolve tecnologia [e] melhora as condições de vida e de consumo da população".
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