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Uma visão para o Futuro da Humanidade

Helga Zepp-LaRouche, fundadora do  Instituto Schiller internacional (www.schillerinstitute.org), ministrou essa palestra para a sessão plenária de encerramento de 7 de outubro do Fórum Público Mundial ‘Diálogo das Civilizações’, realizado entre 4 e 7 de outubro, em Rhodes (Rodes) Grécia. Zepp-LaRouche compareceu anteriormente aos Fórum de Rhodes em 2003, 2006, 2008 e 2009 (quando Lyndon LaRouche também palestrou). Subtítulos foram adicionados. 

Senhoras e senhores,

Foram discutidas muitas questões importantes durante os últimos dias, mas eu concordo com o professor Dallmayr, de que nós não podemos concluir essa conferência sem antes focar a realidade que nós, como civilização, estamos na iminência de uma guerra termonuclear. A possibilidade de um ataque militar no Irã; a escalada da situação entre Síria e Turquia; a colocação de porta-aviões dos EUA no Pacífico Ocidental próximo a estas ilhas contestadas, e a afirmação [da Secretária de Estado] Hillary Clinton de que qualquer ataque a essas ilhas pode levar à ativação do tratado militar EUA-Japão; a concordância do governo espanhol para participar nos escudos anti-mísseis da OTAN – todos esses acontecimentos demostram que nós estamos em um perigo mortal.

Durante as últimas semanas, o perigo existencial na qual a espécie humana agora se encontra se tornou claro para todas as pessoas pensantes. A quase contínua política de “mudança de regime”, depois do colapso da União Sovética, bombardeou o Iraque “de volta a Idade das Pedras”, mergulhou a Líbia na anarquia, transformou o Afganistão num pesadelo, e vitimizou o Estado secular da Síria com intervenções estrangeiras e guerras religiosas, e, no caso de operações militares contra o Irã, pode levar a um incêndio incontrolável de proporções mundiais.

O Oriente Próximo e Médio ameaçam tornarem-se novos Bálcãs onde as alianças existentes, como aquelas  anteriores a Primeira Guerra Mundial, os conduza à conflagração. O impensável pode acontecer: que a Destruição Mútua Assegurada não mais funciona como um estorvo, mas armas termonucleares são empregadas, levando à extinção da raça humana. Não em algum tempo possível, mas dentro das próximas semanas.  

Arrojar-se contra uma Parede de Tijolos

A dinâmica que impulsa o perigo de guerra é acentuado pela aceleração do colapso do sistema financeiro trans-Atlântico. A expansão de liquedez que [o presidente do Federal Reserve Ben] Bernanke nomeou eufemisticamente de “Quantitative Easing III” é igualmente hiperhinflacionário quanto o “o que for preciso” de [presidente do Banco Central Europeu] Mario Draghi, em relação à compra ilimitada de títulos públicos por meio do Banco Central Europeu. A emissão hiperhinflacionária de dinheiro, em conexão com a austeridade brutal – na tradição do Chanceler Brüning – contra a população e a economia real  já teve um efeito de encurtamento da vida de milhões de pessoas na Grécia, Itália, Espanha e Portugal, e ameaça mergulhar a Europa numa tempestade de caos social.

A humanidade está num processo de se arrojar contra uma parede de tijolos em alta velocidade. A questão que nós devemos urgentemente responder é se a espécie humana, confrontada com sua própria destruição, é inteligente o suficiente para mudar de rumo a tempo, do ruinoso paradigma presente de tentar consolidar um império mundial, e a legitimação fingida da resolução de conflitos geopolíticos pelos meios da guerra, e trocar esse paradigma por outro que seja viável para a humanidade.

Para resolver esse problema, nós devemos introduzir um problema epistemológico: Nós devemos repudiar as relíquias dos métodos de pensamentos ancorados no sistema oligárquico, incluindo conceitos dedutivos, positivistas, empiricistas, monetaristas, ou de projeção linear estatística que expressam um mal infinito, como pertencem a uma concepção de mundo que não tem nada a ver com as leis do universo físico real, nem com a criatividade da razão humana. 

Pensando “de Cima”

Em vez disso, devemos elaborar – com a mesma criatividade e amor pela humanidade de Nicolau de Cusa, Johannes Kepler, Gottfried Leibniz, Johann Sebastian Bach, Ludwig van Beethoven, Friedrich Schiller, Vladimir Vernadsky ou Albert Einstein, para nomear só alguns – uma visão para um melhor futuro para a humanidade, que, com certeza, só poderá ser realizada quando forças suficientes se unirem entre si para esta boa causa.

Tal visão nunca poderá ser o resultado de um pensamento aristotélico, ou dum “consenso” para a resolução de muito pequenas questões colaterais, isto é, pensando por “baixo”, mas vem de pensamentos “de cima”. Nicolau de Cusa, com seu método de coincidentia oppositorum, a coincidência dos opostos, por meio do qual o Uno é de uma ordem superior de poder que o Múltiplo, lançou a pedra fundamental em que não só o princípio da Paz de Westfália e o direito internacional foram construídos, mas também um método universal para resolver problemas e conflitos, que ainda é válido atualmente.

Isso significa que devemos começar com a definição dos propósitos comuns da humanidade. O que pode ser mais importante do que a questão ontológica do “esse”, significando que nós somos capazes de assegurar a sustentação prolongada da existência da espécie humana?

Em virtude da coerência anti-entrópica do universo físico anti-entrópico, a existência duradoura da humanidade requer um constante aumento da densidade do potencial populacional relativo e uma contínua expansão dos fluxos de densidade energética nos processos produtivos. Se nós queremos encontrar uma solução para a dupla ameaça existencial da humanidade – o perigo de uma guerra termonuclear mundial e a crise econômica sistêmica – então o novo paradigma deve ser por si mesmo coerente com a ordem da criação. Nós precisamos de um plano para a paz nesse século XXI, uma visão que simultaneamente inspire a imaginação e as esperanças do homem.

Apesar de ter nas mãos todos os meios científicos e tecnológicos para garantir condições humanas de vida, existem por volta de um bilhão de pessoas sujeitas a fome e a má-nutrição, enquanto 25000 crianças – uma pequena cidade – morre diariamente por fome, enquanto 3 bilhões vivem na pobreza e lhes são negados os direitos humanos,  não é então nosso dever sagrado implementar agora esses meios? Nós precisamos de uma estratégia de desenvolvimento de larga escala, construída sobre as idéias das Décadas de Desenvolvimento das Nações Unidas, dos anos 1950 e 60, rejeitanto totalmente a mudança de paradigma dos últimos 40-50 anos como a trilha errada, e assim reviver a idéia de “Paz através do Desenvolvimento”?  

A Ponte-Terrestre Mundial

Tal visão pode ser a da implantação da Ponte-Terrestre Mundial com seus muito grandes projetos como NAWAPA, o túnel sob o Estreito de Bering, o desenvolvimento do Ártico, a expansão da Ponte-Terrestre Euroasiática, acima de tudo no Próximo e Médio Oriente e no subcontinente indiano, incluindo a ligação da Ponte-Terrestre Mundial com a África através de túneis sob o Estreito de Gilbratar, ligando Espanha e Marrocos, e também entre a Sicília e a Tunísia.

Existem duas grandes regiões nesse planeta onde a falta de desenvolvimento clama por justiça, o primeiro sendo o continente africano, ao qual nunca foi permitido se recuperar dos longos séculos de exploração colonial; e o segundo sendo o Oriente Próximo e Médio, que estão atualmente muito atrás de seus períodos de ouro, quando Bagdá era o centro da cultura mundial, ou quando Palmyra Tadmur, na Síria, era uma pérola na antiga Rota da Seda. Nós devemos colocar na agenda para discussão a visão para uma Renascença econômica e cultural para essas regiões, representando um elemento de razão de alto nível, ao invés dos conflitos locais, étnicos e históricos. De levarem os representantes de um grupo de grandes nações tal mensagem à comunidade mundial, mostrando que, de fato, existe uma alternativa real que possa fazer possível a sobrevivência de todas as pessoas nesse planeta, então os elementos de esperança podriam ser postos em debate, os quais são agora completamente ausentes. 

A Defesa Estratégia da Terra

O mesmo tipo de pensamento que usa o ponto de vista da coincidentia oppositorum, o pensar “por cima”, como aplicável à superação do subdesenvolvimento na Terra pela Ponte-Terrestre Mundial, também é preciso para defender todos nós no planeta dos perigos que vem do espaço. A Rússia, com seu projeto de Defesa Estratégia da Terra, DET, fez uma proposta de cooperação de Rússia e EUA, e potencialmente mais países, para uma defesa conjunta anti-mísseis e a proteção da Terra de asteróides e impactos de cometa, que podem substituir a atual confrontação geopolítica e a escalada da ameaça existencial.

O projeto DET está na tradição da IDE, Iniciativa de Defesa Estratégica, que propõe a superação da ameaça nuclear e a divisão do mundo em blocos militares, desenvolvido por meu marido Lyndon LaRouche 30 anos atrás, e que o presidente Ronald Reagan tornou a política oficial do governo americano em 1983.

O projeto DET, o qual inclui sistemas de alertas prévios para catástrofes naturais ou feitas pelo homem, assim como cooperação em vôos espaciais tripulados, é o absolutamente necessário impulso científico que uma economia mundial dominada pela crise necessita para conquistar níveis elevados de produtividade e criar novas capacidades científicas e tecnológicas que também são precisas para a solução dos problemas na Terra. As viagens espaciais tripuladas feitas de maneira conjunta é o próximo passo necessário para a evolução da humanidade. E com esse “imperativo extraterrestre”, assim chamado pelo renomado cientista e engenheiro espacial Krafft A. Ehricke, a humanidade poderá entrar agora no estágio de maioridade, deixando para trás, como doenças da infância, a resolução de conflitos por meio da guerra. 

Os propósitos comuns da humanidade

Se nós prontamente tivermos sucesso em unificarmos a nós mesmos ao redor da visão de conquistar os propósitos comuns da humanidade, e conscientemente apresentar essa perspectiva como uma estratégia para evitar  a guerra, então isso poderá inspirar a imaginação das gerações mais jovens, que agora são ameaçadas mundo afora pelo desemprego em massa e um pesimismo desesperado. Se os jovens desenvolverem as mesmas paixões e elevados conceitos que uma vez tiveram os pioneiros da viagem espacial, quem agora está encorajado pelos instrumentos que o jipe-robôt de Marte, Curiosity, está empregando, coisa que agora alterou a experiência sensorial do homem, por certo com um atraso de 14 minutos, o mundo entrou numa nova plataforma existencial; se os jovens desenvolverem essa paixão, então nós ganhamos. Na próxima fase da humanidade, o homem irá pensar como cientista e como os compositores das grandes obras de arte Clássica.

Nós ou agimos agora, nesse momento de perigo existencial, pelos propósitos comuns da humanidade, ou nós não iremos existir.

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