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Onde o Duque Finge Deixar seu Tolo Vassalo Governar

6 Nov. (EIRNS)—Caro Leitor, lembre a passagem de abertura do Capítulo 42 do Livro II do clássico de Miguel de Cervantes {Don Quixote de La Mancha}, em que os aristocráticos Duque e Duquesa continuam a se divertir com seus joguetes, o enganado Don Quixote e seu escudeiro Sancho Pança, fingindo deixar que este governe uma de suas ilhas.          

"Com o feliz e gracioso sucesso da aventura da Dolorida ficaram tão contentes os duques que decidiram continuar com as burlas, vendo a facilidade com que as faziam passar por verdadeiras. Assim, depois de haver dado traça e ordens a seus criados e vassalos sobre o modo de tratarem a Sancho no governo da ilha prometida, no dia seguinte ao do vôo de Clavileno, disse o duque a Sancho que se preparasse e compusesse para ser governador. Já seus ilhéus o estavam esperando como às águas de maio...

"Olhai, Sancho, respondeu o duque – eu não posso dar parte do céu a ninguém, ainda que não seja maior do que uma unha, pois só a Deus estão reservadas essas graças e mercês. O que vos posso dar, isso vos dou, e é uma ilha feita e direita, redonda e bem proporcionada e sobremaneira fértil e abundante, onde, se souberdes agir com manha, podereis, com as riquezas da terra, granjear as do céu.

Pois então – replicou Sancho – venha essa ilha. Lutarei por ser tal governador que, apesar dos velhacos, vá para o céu. E isto não é porque tenha cobiça de sair de minhas guaritas nem de elevar-me a alturas, mas pelo desejo que tenho, de provar qual é o gosto de ser governador...

Senhor - ponderou Sancho – imagino que é bom mandar, ainda que seja a um lote de gado.”

E agora, Caro Leitor, permita-nos transportá-lo de La Mancha no século XVII para Londres no XXI, em 5 Nov. 2009, quando um Duque moderno (o de Kent) concedeu a um Sancho reencarnado (o Presidente Lula do Brasil) o prêmio não de governar a Ilha de Barataria, mas o igualmente impressionante Prêmio da Chatham House de 2009 pelas “políticas inovadoras e responsáveis que têm mantido o equilíbrio fiscal”.  E ouçam conosco, se por favor, os comentários escritos para a ocasião pelo Membro Associado da Chatham House (e um destacado brazilianista), Prof. Victor Bulmer-Thomas:

"O Brasil está agora à frente das principais questões internacionais do momento e muito do crédito por isso se deve ao ganhador do Prêmio da Chatham House deste ano. A concessão dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Rio de Janeiro é a cereja do bolo ... As pretensões de liderança global [do Brasil] foram necessariamente adiadas por uma combinação de desenvolvimento voltado para dentro, governo militar e hiper-inflação. Foi só em meados de 1990, quando o Brasil finalmente domou a inflação, abriu sua economia e consolidou sua democracia, que um papel global pôde ser novamente considerado.

"Desejo é uma coisa e realização outra. Lutar por um lugar na mesa principal não é fácil... [o Brasil] trabalhará para livrar o mundo de armas nucleares, será construtivo nas negociações sobre mudanças climáticas ...

"Como outros aspirantes, o Brasil não mudará para ficar como membro permanente sem servir um longo aprendizado no clube dos países ricos."

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