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Guerra no Afeganistão criou narcoterrorismo global

Jeffrey Steinberg

Artigo publicado em Executive intelligence Review (EJR), 13/10/1995.

Na véspera do Natal de 1979, o Exército Vermelho soviético invadiu o Afeganistão. Grupos avançados do KGB capturaram o palácio presidencial, assassinaram o presidente Hafizullah Amin, que já fora um firme aliado de Moscou, e instalaram um sucessor mais maleável, Babrak Karmal, que anunciou - do território soviético que havia convidado" as forças soviéticas a intervirem, nos termos o recente tratado de amizade soviético-afegão. Em pouco tempo, Moscou tinha 89.000 soldados no país.

Menos de um mês depois, o assessor de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, esteve no passo Khyber, no Paquistão, e foi fotografado apontando um rifle para o território afegão. Ele ali estava para afirmar o compromisso de Carter, de que os EUA estavam prontos a fornecer ao Governo do general Zia ul-Haq uma maciça ajuda militar para montar a resistência afegã dos mujahidiri aos invasores soviéticos.

Uma década de "guerra por procuração" se seguiu entre os EUA e a União Soviética, levando as duas superpotências a uma armadilha geopolítica desastrosa para ambas. A derrota sofrida pelo Exército Vermelho nas mãos dos mujahidin afegãos, maciçamente apoiados pelo Ocidente, agravou a crise dentro do Pacto de Varsóvia, em verdade deflagrada em março de 1983, quando o presidente Ronald Reagan anunciou a sua Iniciativa de Defesa Estratégica (IDE), política que as principais lideranças de Moscou sabiam que fora planejada por Lyndon LaRouche, A IDE, e não a guerra afegã, foi o principal fator que acelerou o colapso do sistema soviético. A derrota no Afeganistão foi somente um sintoma mais sério de que o sistema bolchevique se encaminhava para o lixo da História.

O impacto sobre os EUA e o Ocidente seria mais sutil, mas igualmente desastroso a longo prazo. Ao seguir a estratégia geopolítica britânica de encorajar a disseminação de uma forma nominalmente islâmica de fundamental ismo, virulentamente antiocidental, os EUA apoiaram a criação de uma nova Internacional Terrorista", muito mais mortífera do que o aparato anterior de terrorismo global, que espreitava líderes mundiais nos anos 70. A nova 'Internacional Terrorista", formada com veteranos mujahidin da guerra afegã, é responsável pelo atentado terrorista de fevereiro de 1993 contra o Centro de Comércio Mundial (World Trade Center) de Nova York. E operativos controlados pela inteligência britânica, como o Dr. Jack Wheeler, assecla de lorde William Rees-Mogg, que estiveram ativamente envolvidos no recrutamento e treinamento dos mujahidin, se envolveram, antes do fato, na explosão do edifício federal em Oklahoma City, em abril de 1995, que matou 168 pessoas. Os mujabidin afegãos são, também, a força primariamente encarregada da guerra irregular de desestabilização que vem ocorrendo na França desde a eleição de Jacques Chirac para a Presidência da República e o seu subseqüente rompimento da "Entente Cord/ale" com a Grã-Bretanha.

Nos 10 anos que se seguiram à visita de Brzezinski ao Passo Khyber, os EUA oficialmente deram três bilhões de dólares à guerra dos muja/iidin contra o Exército Vermelho, fração relativamente pequena do custo total do esforço. Um conjunto maior de nações - da Grã-Bretanha e Israel à Arábia Saudita, Kuwait, Egito, China e até o rã - contribuiriam coletivamente com uma soma equivalente.

De acordo com uma bem situada fonte de inteligência estadunidense, a contribuição conjunta dos cartéis de drogas de Medellín e de Cáli para o esforço foi de 10 a 20 bilhões de dólares!

Uma nova Guerra do ópio

Sejam tais valores acurados ou não, inquestionavelmente, os lucros das vendas de narcóticos ilegais financiaram a guerra-em ambos os lados. Em meados dos anos 80, o Crescente Dourado - que se estende do Irá ao Afeganistão e Paquistão fornecia a metade da heroína que chegava às ruas dos EUA. A Província da Fronteira Noroeste do Paquistão se transformou num centro de comércio de armas por drogas, e os rendimentos brutos das vendas paquistanesas de ópio e heroína disparou para 8-10 bilhões de dólares, em 1988 - número que representava um quarto do RIB do país. Em 1994, as estatísticas da Agência Antidrogas dos EUA (DEA) ainda identificavam o Afeganistão como fonte de um terço de toda a heroína vendida nos EUA.

Antes do início da Guerra Afegã, em 1979, a produção regional de ópio era relativamente pequena, em decorrência do programa de erradicação forçado pelo Governo Nixon, no início dos anos 70, que tirara o Crescente Dourado do comércio mundial de heroína. Toda a produção ia para a pequena população viciada do Sul da Ásia. A guerra mudou tudo. Em meados dos anos 80, não só o Crescente Dourado do Sudoeste Asiático havia ultrapassado o Triângulo Dourado do Sudeste Asiático na produção do ópio, como a quantidade de viciados paquistaneses disparou para mais de 1,3 milhão - em 1980, eram apenas 5.000, Em conseqüência da saída dos militares soviéticos do Afeganistão, em feve- reiro de 1989, o país se transformou num campo de batalha de facções mujabidin rivais, que estavam mais interessadas em controlar os lucrativos campos de papoula e no uso das bases militares e dos enormes estoques de equipamento militar para o treinamento de toda uma nova geração de terroristas internacionais. De acordo com um funcionário sênior da inteligência estadunidense, o Irã entrou correndo no vácuo criado pela súbita saída dos EUA.

No centro dos empreendimentos com drogas e com o terror, estava Gulbuddin Hekmatyar, chefe de uma das sete facções mujabidiri rivais, que gozava do apoio mais ativo da agência de inteligência militar paquistanesa Inter-Service Intelligence (ISI), treinada e modelada pelos britânicos.

Embora diplomatas e funcionários de inteligência estadunidenses no Paquistão alertassem freqüentemente sobre a forte posição antiocidental e próiraniana de Hekmatyar, especulasem sobre possíveis ligações com o KGB e, até mesmo, confirmassem o seu indisputado status como rei da heroína" afegã, suas forças receberam a maior parte do apoio militar estadunidense e internacional durante toda a guerra. Relatórios de inteligência sobre a guerra enviados a Washington eram abertamente manipulados e repletos de desinformação, apresentando os homens de Hekmatyar como os combatentes mais bem-sucedidos. Com freqüência, os relatórios enviados ao Pentágono e à CIA eram idênticos aos preparados pela inteligência britânica, inclusive com os mesmos erros tipográficos. Relatórios de campo mais confiáveis indicavam que Hekmatyar gastava mais tempo e esforços lutando contra os rivais do que combatendo os soviéticos.

Ainda assim, meses após a partida destes, o jornalista da CBS Kurt Lohbeck testemunhou uma entrega maciça de armas ao grupo de Hekmatyar, na fronteira afegâ-paquistanesa, por funcionários de inteligência estadunidenses. Segundo ele, o Governo Bush enfatizou tanto a conquista do Afeganistão do pós-guerra por Hekmatyar, que os diplomatas estadunidenses recebiam instruções de impedir qualquer crítica pública a ele, enquanto o prosseguisse o fornecimento de armas.

Uma nova "Internacional Terrorista"

Sob os termos de uma determinação presidencial do verão de 1979, o Governo Carter expandiu o financiamento secreto dos mujahidin, com o propósito confessado de "aumentar os custos" dos esforços da União Soviética dentro do Afeganistão. Mesmo após a invasão de dezembro daquele ano, o objetivo permaneceu essencialmente o mesmo. Quando Reagan tomou posse como presidente, em janeiro de 1981, o objetivo mudou. Não satisfeito apenas em criar problemas adicionais para os soviéticos, o novo Governo procurou expulsar o Exército Vermelho do Afeganistão. Para consegui-lo, estimava-se que teria que ser criada uma força mujahid com pelo menos 150.000 homens treinados e bem equipados. Para tanto, foi feito um recrutamento mundial, que se estendeu desde as comunidades afegãs exiladas na Europa, à África do Norte, a outras partes do mundo islâmico e até às ruas da América do Norte.

Quando o Exército Vermelho saiu completamente do Afeganistão, em fevereiro de 1989, as fileiras dos grupos mujahidin afegãos estavam inchadas de combatentes recrutados para lutar contra o Grande Satã Ateu" de Moscou. Da operação, surgiu uma força mercenária estimada em mais de 13.000 homens, que haviam redirecionado a sua raiva de Moscou para o Ocidente e que, agora, compreendia o maior pool de terroristas potenciais já visto.

De acordo com a edição de abril de 1995 da Jane's Intelligence Review, combatentes afghansi estavam agora em atividade 'na África do Norte e Península Arábica, China e Cachemira, Filipinas e Tad jiquistão, e na Costa Leste dos EUA".

Entre os maiores contingentes de "veteranos afegãos", encontravam-se 5.000 sauditas, 3.000 iemenitas, 2.000 egípcios, 2.800 argelinos, 400 tunisianos, 370 iraquianos e 200 líbios. De acordo com a revista, a capital da Chechênia, Grozny, se tornou um 'centro de trânsito dos veteranos árabes da guerra afegã".

Embora a maioria desses veteranos não seja parte da nova Internacional Terrorista", um número suficiente deles foi recrutado, pela inteligência britânica, pelo rã ou outros serviços de inteligência e sindicatos do crime, fazendo com que representem agora uma séria preocupação de segurança nacional para virtualmente todas as nações do mundo.

Caindo na armadilha

Em maio de 1979, os EUA haviam-se envolvido apenas simbolicamente no financiamento de vários grupos mujahidin apoiados pelo Paquistão, quando o chefe do posto local da CIA, John Joseph Reagan, foi apresentado pela primeira vez a um grupo pré-selecionado de líderes rebeldes afegãos. Os paquistaneses disseram aos estadunidenses que Gulbuddin Hekmatyar era o mais hábil, melhor armado e mais popular da meia dúzia de grupos mujahidin em ação contra o regime pró-soviético de Cabul. Reagan não tinha virtualmente nenhum perfil de inteligência independente sobre os rebeldes e não teve outra alternativa senão considerar os relatórios do lSl paquistanês pelo seu valor de face. Os informes eram uma mentira montada pelos britânicos.

Ironicamente, em Washington, o diretor da CIA, almirante Stansfield Turner, inicialmente se opusera até mesmo à simbólica ajuda aos mujahidin. De acordo com vários relatos publicados, incluindo a biografia de William Casey escrita pelo jornalista Bob Woodward, Turner estava preocupado com o fato de a inteligência estadunidense ter caído sob quase total dominação pela inteligência britânica e, aparentemente, eram os britânicos que estavam se empenhando em arrastar os estadunidenses numa guerra por procuração" contra os soviéticos no Afeganistão.

As preocupações prescientes de Turner foram ignoradas pelo presidente Carter, que cada vez mais se deixava influenciar pelo assessor de Segurança Nacional Zbigniew Brzezinski. Este, por sua vez, fora seduzido por uma figura sênior da inteligência britânica, o Dr. Bernard Lewis, um arabista treinado na Universidade de Oxford, e levado por este a crer que o fundamentalismo islâmico poderia ser usado como uma carta "geoestratégica" para desestabilizar o Império Soviético ao longo de todo o Sul da Ásia. Na revista Time, que publicou a história como matéria de capa da edição de 15 de janeiro de 1979, Brzezinski denominou o Irá, o Afeganistão e o subcontinente indiano como um arco de crises", que constituía um grave desafio ao Ocidente, mas que também poderia afetar os soviéticos.

A matéria de capa da revista sobre "O Crescente de Crises", terminava com a seguinte observação: "A longo prazo, pode até haver oportunidades para o Ocidente, criadas pela fermentação na área do Crescente. O Islã é, sem dúvida, compatível com o socialismo, mas é inimigo do comunismo ateu. A União Soviética já é a quinta maior nação muçulmana do mundo. No ano 2000, as enormes populações islâmicas nas repúblicas fronteiriças poderão ultrapassar em número os eslavos dominantes na Rússia. Das democracias islâmicas ao sul da Rússia, um zeloso evangelismo corânico pode espalhar-se através das fronteiras destes Estados soviéticos politicamente reprimidos, criando problemas para o Kremlin... Qualquer que seja a solução, há uma clara necessidade de que os EUA recapturem o que Kissinger chama de 'momento geopolítico'. Mais que qualquer outra coisa, isto ajudará a manter a ordem no crescente de crises."

Quinze anos depois, quando alguns dos próprios mujahidin afegãos que haviam golpeado Moscou duramente saíram à solta como terroristas internacionais, perpetrando alguns dos crimes mais hediondos nas ruas da América (incluindo assassinatos no portão central da sede da CIA), um funcionário sênior da CIA, que havia desempenhado um papel central na guerra afegã, admitiu ao repórter Tim Weiner do New York Times que, já no final dos anos 70 e começo dos 80, quando os EUA iniciaram a ajuda de bilhões de dólares aos afegãos, jamais havia ocorrido a alguém da inteligência estadunidense que o programa seria um tiro pela culatra tão sangrento. Charles Cogan, que foi chefe das operações da CIA para o Oriente Próximo e o Sul da Ásia, de 1979 a 1984, disse a Weiner: "Foi um grande choque. A hipótese de que os mujahidin viriam aos EUA e cometeriam atos terroristas não passou pela nossa cabeça, à época. Estávamos totalmente preocupados com a guerra contra os soviéticos no Afeganistão. Foi uma significativa conseqüência não-intencional."

Revivendo o "Grande Jogo"

Pode não ter sido essa a intenção de Washington e Langley (sede da CIA), mas não foi assim em outros lugares. Esta ingenuidade estadunidense foi antecipada em Londres, onde a inteligência britânica já brincava há 200 anos com o que Rudyard Kipling rotulara de "O Grande Jogo" ao longo das estepes da Ásia Central, onde o Islã tora testado, espicaçado e perfilado pela Companhia das índias Orientais britânica e pelo Bureau Árabe do Gabinete da índia britânico, desde os tempos de James Mill e, mais tarde, de Lawrence da Arábia.

A Grã-Bretanha guardou ciumentamente o seu "Grande Jogo" e, às vezes, lutou ferozmente para conservar os EUA de fora. Em 1943, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill foi longe o bastante para assegurar que o Afeganistão fosse "território proibido" aos estadunidenses, quando o presidente Franklin Roosevelt enviou a Cabul o seu assessor militar mais confiável, o general Patrick Hurley, para ter uma visão de primeira mão sobre como o país poderia ser incluído na sua política de descolonização no pós-guerra. A inteligência britânica fez quase tudo, exceto assassinar Hurley, para impedi-lo de chegar à cidade. Quando, finalmente, ele chegou lá e passou quatro dias em reuniões com o rei e funcionários superiores do Governo afegão, causou uma impressão tão forte que os afegãos imediatamente se declararam ansiosos para forjar uma parceria com os EUA, a quem viam como totalmente diferentes dos dois grandes rivais do "Grande Jogo" imperial, Grã-Bretanha e Rússia, que mantinham o país num estado forçado de atraso e pobreza por 50 anos, impedindo até mesmo a construção de ferrovias ou estradas asfaltadas. Militares seniores britânicos, baseados na Província da Fronteira Noroeste do Paquistão, tinham, entretanto, aprovado o plantio de vastos campos de papoula para a produção de ópio, nas ricas montanhas locais, e facilitavam o processamento e a distribuição do ópio nos mercados chinês e do Sudeste Asiático.

Com a morte de Roosevelt, também morreu a esperança afegã de uma parceria econômica com a América. Mais uma vez, o país voltou à categoria de território proibido aos EUA.

A desestabilização britânica do Arco de Crises" começou com a Revolução de Khomeini no Irã, que derrubou o xá Reza Pahlevi em fevereiro de 1979. Khomeini era há muito um instrumento da inteligência britânica e sua Revolução Islâmica foi um elemento crucial do plano de Bernard Lewis.

Brzezinski, longamente doutrinado na geopolítica britânica, jogou os EUA no 'Grande Jogo" britânico nos primeiros dias do Governo Carter, ao rejeitar ofertas japonesas para financiar grandes projetos de desenvolvimento no rã e no México. Na ocasião, chegou a declarar que "não haveria novos Japões no golfo Pérsico ou ao sul do rio Grande". O ingresso estadunidense na geopolítica britânica traçou o destino do xá e arrastou os EUA à operação clandestina britânica para instalar Khomeini no poder. Com o seqüestro dos funcionários da embaixada estadunidense em Teerã, em novembro de 1979, os EUA foram levados ainda mais para dentro do "Arco de Crises".

Seria uma simplificação exagerada dizer que a invasão soviética do Afeganistão foi resultado de uma bem sucedida conspiração britânica. Entretanto, já em 1974, foram deslanchadas operações dos mujahidin no país, quando o primeiroministro paquistanês Ali Bhutto foi manipulado e apoiou uma guerrilha de 5.000 homens, sob a direção do jovem fanático islâmico Gulbuddin Hekmartyar, para desestabilizar o Afeganistão e dissuadir seu presidente Muhammed Daud de erigir uma "Grande Nação Pushtun", entrando pela fronteira noroeste paquistanesa. Já durante o "Grande Jogo", no final do século 19, os britânicos haviam criado deliberadamente uma fronteira afegã-indiana que cortava pelo meio o território tribal pushtun, criando assim uma crise de fronteiras que podia ser manipulada á sua vontade.

Embora as forças de Hekmatyar e outros grupos aliados fossem completamente derrotadas em 1974, o esforço resultou na decisão de Daud de negociar um acordo fronteiriço com o primeiro-ministro Bhutto, que trouxe uma paz temporária à região. A situação mudou dramaticamente em 1977, quando Bhutto foi derrubado pelos militares paquistaneses, encabeçados pelo general Zia ul-Haq. No mesmo período, os comunistas afegãos, apoiados pelos soviéticos, iniciaram a sua própria luta pelo poder, que por fim resultou na derrubada de Daud e a instalação de um regime-satélite de Moscou, em abril de 1978.

Cérebros britânicos e dólares estadunidenses

Um exame cuidadoso do aparato secreto estabelecido para apoiar os mujahidin afegãos contra o Exército Vermelho mostra que todo o programa foi dirigido, de alto a baixo, por Londres - diretemante por intermédio de figuras importantes da inteligência britânica, como o chefe do Conselho Privado, lorde Cranbourne, ou indiretamente, por notórios anglófilos dentro do Establishment de inteligência estadunidense, como o banqueiro de Wall Street John Train e o presidente do Comitê de Resgate Internacional (International Rescue Committee), Leo Cherne.

De acordo com a Diretiva de Segurança Nacional 3, assinada pelo presidente Reagan no início de 1982, o vice-presidente George Bush foi colocado no comando de todas as operações clandestinas. Foi o Grupo de Situações Especiais (SSG) de Bush e o Grupo de Pré-Planejamento de Crises (CPPG) da Casa Branca que mobilizaram Oliver North, Richard Secord, o chefe da "Diplomacia Pública" Walter Raymond e toda a gangue do escândalo Irã-Contras. Durante os anos 80, a guerra afegã foi o maior programa que se encontrava sob a cadeia de comando de Bush. Como o programa afegão foi apresentado ao Congresso como uma oportunidade de dar aos soviéticos "o seu próprio Vietnã", ele desfrutou de apoio e financiamento quase unânimes - e deveria continuar sendo um segredo bem guardado.

Figuras do setor privado, como John Train e Leo Cherne (que também serviu no Conselho Assessor de Inteligência Exterior de Reagan, o PFIAB), que coordenavam o programa de ajuda estadunidense a Hekmatyar, foram membros seniores no programa dirigido por Bush.

O esforço "Peguem LaRouche"

É particularmente digno de nota que Train e Cherne desempenharam simultaneamente papéis centrais na campanha para caluniar e enquadrar Lyndon LaRouche e seus associados, em benefício de George Bush e Henry Kissinger. Train, enquanto chefiava o Comitê de Ajuda Afegão (Afghan Relief Committee - ARC), organizou um grupo de mídia, envolvendo a Liga Antidifamação da B'nai B'rith (ADL), a rede de televisão NBC, as revistas Reader's Digest e New Republic e outros órgãos, que produziram montanhas de propaganda contra LaRouche e prepararam o palco para a perseguição judicial e o encarceramento dele e de vários associados. A cadeia de comando de Train no esforço "Peguem LaRouche" ia até a Casa Branca, por intermédio de Walter Raymond - o mesmo que coordenava o apoio de Train aos afegãos dentro da força-tarefa de Bush na Casa Branca.

Cherne usou sua posição no PFIAB para assegurar, em favor de seu grande amigo Henry Kissinger, que o FBI deflagrasse uma espúria operação de "segurança nacional" contra LaRouche, em janeiro de 1983, no momento em que este atuava como um canal de bastidores para o assessor de Segurança Nacional William Clark, em sensíveis conversações com Moscou no que depois foi a Iniciativa de Defesa Estratégica de Reagan.



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