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ANÁLISE USDA REVELA

Agricultura ‘Green Deal’ Reduz a Produção Agrícola e a População

Por Marcia Merry Baker

A Comissão Europeia (CE), braço executivo da União Europeia (UE), publicou, a Maio de 2020, as suas “Estratégias de Biodiversidade do Prado ao Prato”. Estas supostas estratégias compõem o núcleo do novo Green Deal da UE, cujas consequências levarão diretamente à redução significativa da produção agroalimentar, e a fome e dificuldades aumentadas para milhões de pessoas. Os agricultores já saíram às ruas com os seus tratores em oposição aos ditados da UE, e fizeram-no ao longo de 2019-2020, na Alemanha, na Holanda, e noutros países. Estes ditados deverão ser impostos tecnicamente nação a nação ao longo dos próximos 10 anos, e estão sujeitos a uma sessão de revisão da CE, agendada para 2023.

A essência da nova abordagem é simples. Primeiro, aos agricultores é ordenado que usem menos terra para colheitas e para gado, menos fertilizante, menos químicos para protecção de colheitas, e assim sucessivamente. Isto garante a redução da produção agroalimentar. Segundo, e pela primeira vez até aqui, o propósito das leis agrícolas será mudado, de produção agroalimentar, para alegada melhoria ambiental, e a redução de emissões de carbono. O objetivo declarado da CE é o de “reconciliar o nosso sistema agroalimentar com as necessidades do planeta”—e não com as da população humana! A CE estabeleceu uma agenda para acção, e esta agenda inclui reformular a Política Agrícola Comum (a lei de apoio à produção agroalimentar, iniciada em 1962, e a abranger toda a UE), e começar, em 2021, uma “iniciativa de armazenamento de carbono nos solos.”

Em Novembro de 2020, o Serviço de Investigação Económica do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), publicou uma análise devastadora do impacto das Estratégias do Prado ao Prato, tomando em consideração os seus efeitos cumulativos com os impactos da própria pandemia.

A USDA estima que 185 milhões de pessoas serão remetidas a insegurança alimentar (défice de fiável e/ou suficiente acesso a alimentos) ao longo dos 10 anos subsequentes à sua implementação, se estas medidas forem implementadas pela UE, pelos seus parceiros comerciais, e por grandes nações ao longo do mundo. Estes 185 milhões surgiriam em adição aos já antecipados números para insegurança alimentar global ao longo deste período de tempo. Os métodos e quantificações da USDA são reportados abaixo.

Londres Lidera a Corrida para o Fundo

Escusado será dizer que, com a pandemia agora a propagar-se, é urgente colaboração internacional para apoiar e expandir a produção agroalimentar, não para a reduzir. Estamos agora confrontados com uma pandemia de fome, a par de uma crise viral. A contar do final de 2020, e de acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU, 270 milhões de pessoas estão em vias de fome crónica, e outros 600 milhões em insegurança alimentar. Estas vidas podem ser salvas por financiamento de emergência que garanta o melhor possível uso dos stocks alimentares globais. E, em simultâneo, podemos agir para colocar um fim definitivo à fome. A produção e a capacidade para produzir têm de ser expandidas, até duplicadas, mas certamente não reduzidas.

Apesar desta realidade, e das óbvias implicações do Green Deal da UE em termos de fome global, o Reino Unido assumiu a liderança na implementação dos conceitos das Estratégias do Prado ao Prato, da UE, pela implementação, em Novembro de 2020, da sua nova “Lei da Agricultura”, a antecipar-se aos próximos 7 anos. A lei oferece incentivos financeiros aos agricultores para que ponham o ambiente acima da produção de comida. Esta é uma transição histórica e terrível. O governo britânico afirma que “os agricultores e os gestores de terras em Inglaterra serão, de futuro, recompensados com dinheiro público pela prestação de ‘bens públicos’—tais como melhor qualidade do ar e da água, expansão na vida selvagem…” de modo a assistir à concretização de “emissões net zero por 2050.”

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DBV
Uma grande manifestação de agricultores em Berlim, para protestar políticas governamentais que suprimem a produção agroalimentar, 26 de Novembro de 2019.

O BREXIT pode, tecnicamente, ter colocado o Reino Unido fora da UE, porém, acima e para além tanto da UE como do Reino Unido (e, de quase todos os outros, com a exceção de China e Rússia), as políticas económicas continuam a ser dirigidas pelo sistema monetarista global, centrado na City de Londres e em Wall Street. Este sistema, e os megabancos e as megatransnacionais que dele fazem parte, estão agora a avançar “finança verde” para forçar degradações na agricultura, no consumo alimentar, em energia, e em todas as necessidades da vida. O propósito é o de sugar tudo o que consigam para as suas próprias redes seletas de controlo, de modo a suster o seu próprio sistema, de contrário ameaçado de colapso.

Os promotores essenciais deste processo incluem, em especial desde o Acordo Climático de Paris de 2015, Mark Carney, o anterior Governador do Banco de Inglaterra (2013-2020), agora Enviado Especial da ONU para Acção Climática e Finanças. Incluem ainda Sir Michael Bloomberg, antigo Enviado Especial da ONU para Acção Climática (2018-2020). E, mais proeminentemente, o Príncipe Carlos, e o seu comparsa Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Económico Mundial.

Estas figuras e estas agências não estão “confusas”. Têm a mais plena consciência de que finança verde, e a farsa que é o seu movimento salvar-o-ambiente, significam depopulação em massa. O Fórum Económico Mundial divulgará oficialmente, no seu evento de uma semana da “Agenda Davos”, a 25-29 de Janeiro, o seu plano de “Grande Reinício” para finança verde e para políticas económicas homicidas, e para a substituição de governos soberanos com “governância” por megabanqueiros.

USDA: Haverá Uma Redução Dos Inputs À Agricultura

O título do relatório do Serviço de Investigação Económica da USDA é “Impactos Económicos e em Segurança Alimentar das Estratégias de Biodiversidade do Prado ao Prato, do Green Deal da União Europeia”. O relatório tem 52 páginas, e providencia tabelas e gráficos de página inteira, com dados detalhados.

Como reportado pela USDA, as reduções em input agrícola que são exigidas pelas Estratégias do Prado ao Prato, da CE (intituladas de “Estratégias”, no relatório e neste artigo), são: Uso de Terra para fins agrícolas, redução de 10%; Uso de fertilizantes, redução de 20%; Uso de Pesticidas, redução de 50%; Anti-microbiais (significando antibióticos e outros medicamentos para uso em gado), redução de 50%.

A justificação para estes cortes é dada de várias formas no plano das “Estratégias” da CE, que apela a uma forma de produção agroalimentar que seja mais “sustentável”, e providencie “serviço ao ambiente”. A falsa premissa aqui é a de que a tecnologia e o avanço científico arruínam o ambiente, e de que o crescimento e a população devem ser limitados. Isto é uma reciclagem explícita da velha alegação de Parson Malthus (1766-1834), de que equilibrar a “natureza” e as pessoas implica depopulação ocasional. Malthus trabalhava para a Companhia Britânica das Índias Orientais.

A CE fala do propósito de alcançar, por 2030, um “sistema agroalimentar justo, saudável, e ambientalmente amigável”. Qualquer que seja a retórica, os grandes cartéis agroalimentares (Unilever, Nestlé, Walmart, Cargill, JBS, etc.) já estão, em muitas nações, em moção contra os governos e contra os agricultores, a consolidar controlo extremo, e a emitir decretos (verdes ou não) sobre produção. Na Índia, por exemplo, milhares de agricultores têm vindo a protestar na capital ao longo de dois meses.

Teoricamente, os declínios de produção agroalimentar que são implicados pela implementação das Estratégias poderiam ser compensados por outros factores, como sejam: sementes de maior produtividade; aumentos em força laboral; ou, o amortecimento do impacto da redução em produção pelo decréscimo de desperdícios na cadeia alimentar. Estes factores de mitigação não foram incluídos no estudo da USDA pelo facto de não serem contemplados pelo plano das Estratégias da UE.

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Instituto Schiller/Werner Zuse
Uma manifestação patrocinada pela Land schafft Verbindung, no Ministério da Ecologia da Baviera, em Munique, Alemanha, a 5 de Março de 2020. O placard dos manifestantes do Instituto Schiller diz: “Proteja-se as pessoas dos protetores climáticos!” e “A natureza produz o clima, não as pessoas.”

Cortes na Produção, Impactos e Três Cenários

A USDA identificou 20 bens alimentares (cereais, sementes oleaginosas, carnes, laticínios, vegetais, frutos, nozes, etc.), cuja produção, na UE, seria reduzida pelos cortes propostos em inputs, e avançou com os resultados, que revelam a dimensão das reduções em produção. E, adicionalmente, a análise tomou em consideração os efeitos que a redução de produção na UE teriam fora do espaço europeu, entre parceiros comerciais próximos, e no mundo em geral.

Por exemplo, nalguns casos, as nações que exportam para a UE seriam induzidas a produzir mais milho. Noutros casos, as nações que importam trigo da UE teriam de passar a importar de outras nações. Estas mudanças inter-contingenciais para outras partes do mundo foram estimadas pela USDA, que usufrui de uma detalhada base de dados.

Não houve apenas a estimativa dos volumes dos 20 bens alimentares, como também a de categorias adicionais de impacto contingente: preços dos bens, preços de exportações e importações, rendimentos brutos das produções agrícolas, aumento nos custos alimentares, aumento na insegurança alimentar (em números de pessoas), e em PIB.

E, finalmente, para a elaboração desta análise geral, a USDA tomou em consideração: o que acontecerá se, para além da própria UE, outras partes do mundo também adotarem as Estratégias do Prado ao Prato, de cortes em inputs? O estudo colocou três cenários geográficos: (1) Cenário Apenas UE, já descrito. (2) Cenário Intermédio, compreendendo a UE e as nações que dependem de exportação de bens agroalimentares para a UE. Este cenário assume que a UE poderia impor restrições comerciais a qualquer país que se recusasse a adotar as suas Estratégias Green Deal (3) Cenário Global. Estas última categoria não inclui todas as nações do mundo, mas inclui as 76 maiores nações em termos de população e de consumo e comércio de bens agroalimentares, e para as quais a USDA tem dados detalhados.

Estes três cenários são realistas, porque a Comissão Europeia declarou a sua intenção de disseminar o seu Green Deal, dizendo que: “suportará, através das suas políticas de comércio, e de instrumentos de cooperação internacional, a transição global para sistemas agroalimentares sustentáveis.”

Resultados previsíveis: Desastre

Os resultados do Green Deal da UE para a agricultura são um desastre. O relatório oferece dados detalhados sobre o aumento dos preços para os consumidores, sobre a falta de uma vantagem de preços para os agricultores, e sobre os enormes declínios e choques em transições produtivas que são implicados pelas restrições obrigatórias em input. Na própria UE, sob o Cenário Apenas UE, a produção agrícola decai em 12% no geral; e, a produção global decai em 1%. Outras nações compensam os cortes da UE de modo relativo. A produção europeia decai, por categorias, em 61% para sementes oleaginosas, em 49% para o trigo, e em 44% para certas outras colheitas (incluindo todos os tipos, de ervas a flores). O impacto sobre cada tipo de colheita é variável. Com o trigo, por exemplo, a área terrestre e o uso de fertilizantes têm uma grande influência na produção, pelo que aplicar cortes a estes inputs terá um grande impacto.

Também são providenciados estes tipos de detalhes, a par de muitos outros, para os outros dois cenários, e o relatório inclui tabelas de dados para países, itens alimentares, e impactos. Porém, o essencial da análise é transmitido pelo ponto simples de que é suposto que milhões de pessoas não acedam a comida, nesta insanidade Green Deal.

Figura 1
Cortes em Inputs Agroalimentares, sob o Green Deal da UE, Causam, Globalmente, Um Aumento Agregado de 185 Milhões de Pessoas sob Insegurança Alimentar
Aqui mostrados, os milhões adicionais de pessoas que serão colocadas sob insegurança alimentar pela implementação das Estratégias do Prado ao Prato, sob o Green Deal da CE, para limitar os inputs agrícolas até 2030, sob três cenários para os quais o Serviço de Investigação Económica do USDA fez simulações. (1) no Cenário Apenas UE (a azul), o número agregado de pessoas que são remetidas a insegurança alimentar, ao longo do planeta, é de 22 milhões, essencialmente distribuídas em África e na Ásia. (2) no Cenário Intermédio, e se o Green Deal prevalecer na UE e nos seus principais parceiros comerciais (laranja) o número agregado de pessoas lançadas em insegurança alimentar, globalmente, é de 103 milhões. (3) no Cenário Global (cinzento), e se o Green Deal for imposto na UE e em 76 outras grandes nações, haverá um aumento agregado de 185 milhões de pessoas sob insegurança alimentar: 80 milhões em África, 72 milhões na Ásia, e 33 milhões noutros sítios.

NOTA: o Cenário Apenas UE é definido como um onde apenas a União Europeia implementa as Estratégias. No Cenário Intermédio, os parceiros comerciais que dependem de exportações agroalimentares para a UE também adotam as Estratégias. E, o Cenário Global é definido como um onde todas as regiões adotam as Estratégias.
Fonte: USDA, Serviço de Investigação Económica, com as computações a serem elaboradas a partir do Modelo Internacional de Avaliação de Segurança Alimentar [“International Food Security Assessment Model”].

O gráfico aqui reproduzido a partir do estudo (ver Figura 1), foca-se no aumento agregado de pessoas afligidas por insegurança alimentar até 2030 (e que surgem assim em adição a um valor de partida já projetado para insegurança alimentar global), para os três cenários. Para além do mais, mantenha-se em mente que este é um cenário muito linear e conservador, que não toma em consideração a ocorrência adicional de epidemias humanas ou animais, doenças das colheitas, desastres meteorológicos, grandes falhas em colheitas, etc. Sob o Cenário Apenas UE, os cortes em inputs à agricultura e à produção resultam na probabilidade de um aumento de 22 milhões no número das pessoas globalmente afligidas por insegurança alimentar. Isto inclui 8 milhões em África e 10 milhões na Ásia. Sob o Cenário Intermédio, o número adicional de pessoas sob insegurança alimentar escala para os 103 milhões, que são contados, principalmente, em África e no Sudoeste Asiático.

Ao chegar ao Cenário Global, o relatório do USDA afirma que, “Quando as Estratégias são adotadas ao nível global, o número de pessoas sob insegurança alimentar aumenta para 185 milhões… O aumento em insegurança alimentar é distribuído ao longo de todas as regiões, mas África (80 milhões) e áreas na Ásia (72 milhões) continuam a ser as mais impactadas. Isto é porque podem vir a passar pelos maiores aumentos nos preços dos bens, em simultâneo com os maiores declínios em PIB.”

 

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