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Instituto Schiller

PROPOSTA POLÍTICA DO INSTITUTO SCHILLER

O Plano LaRouche para uma Nova Arquitectura Económica Internacional

28 de Março de 2022 - O seguinte é o resumo duma proposta política pesquisada e escrita por uma task force da EIR (Executive Intelligence Review) constituída por Claudio Celani, Richard Freeman, Paul Gallagher, Marcia Merry Baker, Dennis Small e Karel Vereycken. Ver a proposta na íntegra aqui.

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EIRNS/Stuart Lewis
A solução programática da crise atual foi delineada nos seus fundamentos em 2014 por Lyndon LaRouche, em sua declaração “Quatro Novas Leis”.

Resumo do Plano de Acção

Os desenvolvimentos de 2022 até à data deixaram bem claro que as previsões de Lyndon LaRouche ao longo do último meio século, sobre a ruptura inevitável do sistema financeiro das taxas de câmbio flutuante pós-Bretton Woods, eram chocantemente precisos. A produção mundial de bens essenciais da economia física está a cair a pique; a hiperinflação dos agregados financeiros desencadeou o vertiginoso aumento dos preços dos bens de consumo e de produção, tornando-os inalcançáveis para uma boa parte da humanidade; a guerra comercial sob o pretexto de sanções irrompeu em todo o mundo; e as pandemias de doenças antigas e novas já tiraram a vida, directa e indirectamente, a cerca de 18 milhões de pessoas. A fome mundial é iminente.

Os líderes políticos e os meios de comunicação social do Ocidente culpam pateticamente Vladimir Putin por tudo isto - e mais. Mas a causa real e subjacente é a queda de décadas na "densidade populacional relativa potencial" da Humanidade como um todo - a métrica do poder de uma sociedade de se reproduzir a si própria, em constante ascensão em níveis crescentes de bem-estar, de ciência e de cultura clássica para uma população crescente - um colapso que é o resultado das políticas de austeridade impostas ao longo de meio século pela City de Londres e Wall Street.

O mecanismo através do qual esta política está a ser levada hoje à sua "solução final", é uma dissociação radical da economia mundial em dois blocos amargamente antagônicos - um bloco militarizado OTAN - dólar, e o bloco da Iniciativa do Cinturão e Rota - ambos destinados a serem mergulhados num inferno de despovoamento e de guerra, muito possivelmente incluindo a guerra termonuclear.

É particularmente revelador e terrível, que o que tinham sido as ligações ferroviárias em expansão da Iniciativa do Cinturão e Rota, que se estendem da China, através da Rússia e até a Europa, têm sido quase totalmente interrompidas pelas sanções e pela guerra em curso.

Chegou a hora de agir, em todo o planeta, conforme a solução programática de Lyndon LaRouche para esta crise - enquanto ainda há tempo de o fazer. Contra a dissociação malthusiana da economia física mundial de Londres, as nações do mundo devem, em vez disso, ser unidas novamente em torno de um programa de crescimento econômico e de segurança para todos e cada um - uma nova arquitetura internacional de segurança e de desenvolvimento.

O essencial dessa política programática foi estabelecido por LaRouche nas suas Quatro Novas Leis de 2014, que são tão aplicáveis hoje como quando foram concebidas pela primeira vez há oito anos (ver caixa, "Quatro Novas Leis de LaRouche"). Sob as circunstâncias atuais de "guerra total" aberta que está a ser travada pela instituição financeira contra a Rússia (e em breve contra a China), o que leva aos mesmos resultados que um bombardeamento estratégico de território inimigo, é necessário um plano de ação imediato centrado nessas quatro leis:

Quadro 1
Rússia-Índia-China (RIC) Economia Física, Selecionar Parâmetros

2020 Unidades Russia India China RIC World RIC em %
População Milhões 144 1380 1411 2935 7762 38%
Trigo mtm 85 108 134 327 769 42%
Fertilizante NPK mtm (2019) 24 19 52 94 210 45%
Petróleo mbpd 9.9 0.6 3.9 14.4 88.4 16%
Gas bmc 705 27 195 927 4000 23%
Geração de energia nuclear twh 202 40 345 587 2553 23%
Nova Capacidade Nuclear* GW(e) 3.8 4.2 16.0 23.9 53.6 45%
Carvão mmt 400 757 3902 5059 7742 65%
Minério de ferro Milhares de t (2019) 99 210 350 659 2500 26%
Aço mmt 72 100 1065 1237 1878 66%
Trilho eletrificado Milhares de km 44 45 100 189 344 55%
Balança Comercial de Mercadorias Bilhões de $ 94 -95 515 514 NA NA
Fontes: FAO, WB, IAEA, Statista.
mtm = milhões de toneladas métricas
mbpd= milhões de barris por dia
bmc = biliões de metros cúbicos
twh = tera watts por hora
GW = gigawatts;
* Em construção ou planeado

1) Economia física: A Rússia já adotou medidas de economia de guerra para defender a sua capacidade nacional básica e garantir a auto-suficiência em aspectos econômicos essenciais. No entanto, o "Triângulo Estratégico" da Rússia, Índia e a China será ainda mais eficaz a alcançar as necessidades físico-económicas essenciais das suas populações juntas, que é 38% da população total mundial, se trabalharem juntos. Essa combinação RIC - que foi o núcleo original do que mais tarde se tornou o BRICS, produz 43% do trigo, 23% do gás natural, 66% do aço de todo o mundo e quantidades prodigiosas de minerais críticos. Tem também capacidades de classe mundial em energia nuclear, construção de infra-estruturas ferroviárias e outras, ciências espaciais e outras tecnologias avançadas (ver Quadro 1). [As “Quatro Novas Leis” de LaRouche]

Apesar das deficiências em certos sectores econômicos (máquinas-ferramentas e outros bens de capital, produtos farmacêuticos, aviões, etc.) os RIC estão fortemente posicionados, em termos de economia física, para estabelecer um "bloco regional que opera quer fora, quer em paralelo com o sistema existente do FMI", como recomendou Lyndon LaRouche anos atrás. A aliança entre a Iniciativa de Cinturão e Rota da China (Belt and Road Iniciative – BRI) e a União Econômica Eurasiática (UEE) liderada pela Rússia, já é uma pedra angular operacional de tal acordo proposto. [LaRouche Sobre a Recuperação dos Estragos do Sistema de Taxa de Câmbio Flutuante Falido]

2) Sistema de taxa de câmbio fixa: Comércio e investimento produtivo dentro desse bloco ocorrerá através do estabelecimento de uma relação baseada numa taxa de câmbio fixa entre as suas moedas, com uma pequena faixa monetária para flutuações temporárias. Este arranjo irá impedir qualquer penetração por fluxos financeiros especulativos denominados em dólares ou afins. Assim, as paridades entre as suas respectivas moedas deixarão de ter qualquer relação com o sistema especulativo da flutuação do dólar, mas serão estabelecidas diretamente por acordos entre governos e não serão manipuladas pelo "mercado" especulativo.

Será também negociada uma moeda comum regional para facilitar o comércio internacional, o investimento e a liquidação de contas - com um renminbi suportado por ouro, sendo esta uma opção principal. Isto permitirá a "negociação de um conjunto de acordos protecionistas a longo prazo sobre crédito, tarifas e comércio entre um conjunto de nações líderes", como LaRouche escreveu em 2004 (ver caixa, "LaRouche sobre a recuperação dos estragos do sistema de taxas de câmbio flutuantes falido" com um excerto do seu artigo de 2004 "Sobre o Assunto das Tarifas e Comércio".)

3) Controles completos de capitais e taxas de câmbio, e crédito dirigido: Cada um dos países estabelecerá também uma moeda nacional e um sistema bancário totalmente protegido, exigindo controles de capitais e controles cambiais completos; uma taxa de câmbio fixa em relação a outras moedas (como indicado no ponto #2 acima); e a emissão de crédito produtivo dirigido, a taxas de juro baixas para projetos prioritários. No caso da Rússia, um rublo suportado por ouro (ou novo "rublo pesado") satisfaria esses requisitos de uma forma exemplar; as moedas suportadas por ouro poderiam ser colocadas na China e na Índia também, e isto poderia ser alargado à moeda comum.

A era das taxas de juro elevadas para atrair fluxos financeiros especulativos do estrangeiro "carry-trade" serão paradas por completo. Numa nação do sector em desenvolvimento, uma separação rigorosa entre a moeda nacional baseada na produção protegida, e o dólar internacional especulativo, orientado para Londres, desempenha a mesma função que a separação bancária Glass-Steagall desempenha nos Estados Unidos da América. Este é um pré-requisito para o estabelecimento de um banco nacional hamiltoniano para organizar a emissão de novos fluxos de crédito produtivo com juros baixos para os sectores de alta tecnologia da economia física do país - "uma expansão de crédito a longo prazo para a formação de capital, com ênfase na formação de capital em infra-estruturas econômicas básicas", usando as palavras de LaRouche.

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CC/V.S. Biletskyy
Uma vista da siderúrgica de Alchevsk, na Região de Luhansk, dezembro de 2011.

4) RIC+: As nações RIC servirão como núcleo inicial de uma nova arquitetura internacional, que estará aberta a todas as nações dispostos a participar com base em princípios sólidos de economia física. Há poucas dúvidas que a maioria das nações do sector em desenvolvimento achará esta nova arquitetura muito mais benéfica para as suas necessidades do que a devastação que agora lhes é imposta pelo sistema financeiro transatlântico falido, e que rapidamente se orientariam a tal esforço. Um possível bloco imediato de nações para isto seria a OCX, a Organização para Cooperação de Xangai, constiuído por Cazaquistão, Quirguizistão, Paquistão, Tajiquistão e Uzbequistão, para além da Rússia, Índia e a China, o que alguns dos principais peritos sugeriram como sendo suficientemente amplo para funcionar como uma opção para iniciar um novo sistema monetário não-dólar, suportado por ouro, com base num acordo entre as nações iniciadoras.

A exportação massiva de bens de capital para as nações em vias de desenvolvimento serão centrais para a expansão produtiva do bloco RIC. Os principais projetos de infra-estruturas nestas nações serão também parte integrante da recuperação econômica do mundo. Crédito a longo prazo, com juros baixos para tais atividades, serão emitidas na nova moeda comum do RIC, da mesma forma que o renminbi já é utilizado hoje pelo BRI, apenas numa escala mais alargada. Crédito criado para as atividades econômicas produtivas para a tecnologia de ponta - distintas das especulativas - não são inflacionárias, e são rapidamente reembolsadas, devido ao aumento de produtividade que tal investimento irá induzir.

5) Os EUA e a Europa devem aderir à Iniciativa do Cinturão e Rota: Será de especial importância trazer os Estados Unidos, bem como as nações da Europa a este novo conjunto de acordos internacionais. Os povos do EUA e da Europa e as suas economias estarão muito melhor em associação com o RIC e a Iniciativa de Cinturão e Rota, do que sob o regime de desindustrialização e despovoamento que estão agora a enfrentar, sob o atual sistema de gestão britânica falida. Lyndon LaRouche referiu-se a esta política como a "Aliança de quatro poderes" (Rússia, Índia, China e os Estados Unidos) que, por si só, teriam o poder necessário para pôr fim de uma vez por todas ao Império Britânico. Para alcançar isso, apenas seria necessário que os EUA regressassem ao seu propósito constitucional fundador e ao sistema americano de economia criado por Alexander Hamilton, e que as nações soberanas da Europa atuem de forma semelhante.

6) Reconstruir a Ucrânia através da Cooperação Este-Oeste: O foco imediato dessa cooperação econômica para benefício de todos, será a Ucrânia. O que é hoje um campo de batalha sangrento, tornar-se-á um modelo de cooperação Leste-Oeste. A outrora poderosa economia ucraniana - destruída por 20 anos de liberalismo econômico após a independência; seguido de outra descida após o golpe de Estado de Maidan, liderado pelo Ocidente em 2014; e agora devastada pela guerra - pode ser reconstruída e reavivada por esforços de cooperação. A Ucrânia tornar-se-á o centro do trânsito da Iniciativa do Cinturão e Rota da China para toda a Europa, reconstruindo os outrora poderosos setores da ciência, indústria pesada e agrícola, para o benefício de todo o mundo.

As seis medidas acima referidas não são uma estratégia a longo prazo; não são uma proposta a médio prazo. São uma plano de ação a curto prazo, necessário para travar a destruição econômica massiva que já está em curso, parar as guerras movidas pela geopolítica, e fornecer a arquitetura necessária para o crescimento e desenvolvimento acelerado de todas as nações.

Tradução: Marius Geyer


As “Quatro Novas Leis” de LaRouche

Em 8 de Junho de 2014, Lyndon LaRouche escreveu um documento intitulado "As Quatro Novas Leis para Salvar os EUA. Agora! Não é uma opção: é uma Necessidade Imediata", que enfatizava as seguintes quatro normas:

1) A reconstituição imediata da lei conhecida como “Glass-Steagall”, instituída pelo Presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt, sem modificações quanto ao princípio da ação. Isto significa passar toda a bolha financeira especulativa sob reorganização por bancarrota.

2. Um regresso a um sistema de Banca Nactional “de cima para abaixo”, definido rigurosamente, tal como especificado pelo primeiro Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Alexander Hamilton.

3. O objetivo da utilização de um tal sistema de crédito federal é gerar tendências de alta produtividade na melhoria do emprego; com a intenção de aumentar a produtividade físico-econômica, e o nível de vida das pessoas e das famílias.

4. Adotar um programa de urgência (“crash program”) para o desenvolvimento da energia de fusão, para promover os avanços fundamentais da ciência. O crescimento econômico e desenvolvimento ilimitados requerem isto. [Voltar ao texto]


LaRouche Sobre a Recuperação dos Estragos do Sistema de Taxa de Câmbio Flutuante Falido

O seguinte excerto é retirado do estudo de Lyndon LaRouche, de 12 de Janeiro de 2004, "Sobre o Assunto das Tarifas e Comércio".

Agora, o atual sistema monetário-financeiro do mundo de taxa de câmbio flutuante está irremediavelmente falido. Deve ser colocado na administração judicial controlada pelos governos para as formas necessárias de administração e reorganização. Praticamente todas as principais instituições bancárias da Europa Ocidental e das Américas (entre outros casos) atualmente estão implicitamente falidas. Portanto, o primeiro e mais imediato objetivo da intervenção dos governos soberanos deve ser a estabilidade das funções normais da sociedade; o segundo objetivo a curto a médio prazo, deve ser um aumento do emprego produtivo para níveis suficientes para equilibrar as contas correntes das nações; o terceiro objetivo deve ser a negociação de um conjunto de acordos protecionistas a longo prazo sobre crédito, tarifas e comércio entre um conjunto de nações líderes. Os acordos posteriores devem variar de uma a duas gerações: correspondendo a ciclos de capital de vinte e cinco a cinquenta anos.

A possibilidade de uma recuperação da condição presentemente legada a nós pela combinação do sistema de câmbio flutuante do FMI e o comportamento aberrante dos sistemas bancários centrais das nações, depende de uma enorme expansão de crédito a longo prazo para a formação de capital, com ênfase inicial na formação de capital nas infra-estruturas econômicas básicas. Para sustentar um tal programa de expansão ao longo de duas gerações, como deve ser feito, requer um sistema em que os custos fundamentais do empréstimo não devem ser superior a entre 1-2% de taxas de juro simples. Isto só pode ser alcançado em condições definidas por um sistema monetário-financeiro com taxa de câmbio fixa. Por conseguinte, isto significa um "sistema de reserva de ouro", mas não um renascimento do padrão de ouro estilo britânico, chamado enganosamente "dinheiro honesto". Isto também significa um sistema de comércio a longo prazo e acordos pautais entre nações, com efeito coerente com tais objetivos, como, o crescimento a longo prazo de formação de capital.

O artigo completo, "Sobre o Assunto das Tarifas e Comércio" apareceu em EIR Vol. 31, No. 6, 13 de Fevereiro, 2004, pp. 12-53. Está disponível aqui.    [Voltar ao texto]

 

Para informação adicional, enviar email a preguntas@larouchepub.com

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