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O seguinte é uma tradução de material originalmente publicado na edição de 25 de Junho de 2021 da Executive Intelligence Review.

Suíços Votam Contra Suicídio Climático

A resistência popular à imposição de medidas homicidas Green Deal, pela União Europeia, está a ascender ao longo de toda a Europa, animada pela vitória do “Não” na Suíça. Aqui mostrada, uma manifestação em apoio dos trabalhadores da Polónia, em Maio de 2020. Como dito no placard, “Eles tiraram-te o emprego; agora, vamos tirar-lhes o poder”.

Quando submetidos, pela primeira vez, ao voto direto de um eleitorado nacional, os ditados do Acordo Climático de Paris foram decisivamente rejeitados, a 13 de Junho, em referendo na Suíça. Sendo a Suíça um dos únicos países da Europa que ainda têm soberania, os seus eleitores rejeitaram a nova lei climática do país, a “Lei do CO2” (CO2 Gesetz), por uma maioria de 51.6%. A lei assim rejeitada viria impor impostos sobre o combustível, e outras medidas restritivas, impostas em nome da redução de emissões de CO2 , para mitigar “alterações climáticas”.

Enquanto aqueles que votaram “Não” abriam as garrafas de champanhe, o lobby climático falava de “um dia negro para proteção climática”, e de um “desastre para proteção climática suíça”, de acordo com um artigo no Cash, o website financeiro e económico suíço. O voto também promete ser “um desastre” para os lobbies climáticos no resto da Europa, e até mesmo nos Estados Unidos e no Canadá.

O impacto na Alemanha, a economia mais verde no continente, foi imediato. O Bild Zeitung, o tabloide de maior circulação no país, editado sob o mote “A Voz do Povo”, avisou:

O referendo na Suíça é também uma lição para a Alemanha. Mostra que nem tudo o que é considerado consensual em conferências partidárias e em talk shows é igualmente consensual junto da população. Nem sequer o tópico quente da proteção climática….

Os cidadãos estão a perguntar-se ansiosamente sobre se vão ter de passar sem as suas férias e sem os seus carros. Sobre se o estado lhes vai realmente dar alguma coisa de volta, após tornar mais cara a gasolina….”

O Bild avisa que, após o voto suíço,

Os políticos alemães devem perguntar-se a si mesmos: ainda sabem realmente o que as pessoas estão a pensar? Ou, será que há muito que se distanciaram da vontade dos eleitores? É perigoso fiar-se na bandeira político-partidária, ao invés de ouvir o que as pessoas estão a dizer. Caso contrário, aqueles que deixam de ser ouvidos voltar-se-ão para os radicais.

Na Suíça, a mensagem é clara e explícita. A escrever para a European Scientist, sob o título “Um Óptimo Flop Democrático para Urgência Climática”, Michel de Rougemont, engenheiro químico suíço, afirmou que,

O voto negativo dos cidadãos suíços é essencialmente indicativo de desconfiança: os suíços não gostam de medidas complexas e caras com baixas probabilidades de eficácia. E, também não gostam de medidas punitivas e de constrangimentos comportamentais. Mas, acima de tudo, não aceitam facilmente a emergência climática, continuamente propalada pela máquina de propaganda, e que a outra metade dos cidadãos credulamente adota. Quantas vezes é que a Humanidade já teria sido extinta, se todas as urgências catastróficas anunciadas se tivessem materializado?

De Rougemont apelou à Suíça para que revertesse a sua política de abandono sequencial da energia nuclear, escrevendo,

Uma vez que já não podemos contar com os vizinhos para compensar perdas de capacidade após o encerramento das centrais nucleares, é agora tempo de planear novas e melhores centrais.

A Lei do CO2 teria causado um aumento acentuado do custo de vida, que de si já é elevado no país. Todos teriam sido afetados por aumentos nos preços de combustível, por taxas, e por custos energéticos mais elevados. Os únicos cantões onde o “Sim” ganhou foram Basel-Stadt, Genebra, Neuchâtel, Vaud, e Zurique. Estes são os maiores centros urbanos, mas de modo algum constituem a maior parte da população, uma vez que o país é descentralizado. A população rural afirmou-se fortemente pelo “Não”, uma vez que também foram a referendo outras propostas polémicas, incluindo uma proposta para a proibição de pesticidas artificiais, que foi derrotada por uma maioria de 61%.

Houve grande apoio político-partidário ao “Não”. O Partido do Povo Suíço (SVP), o maior partido do país, esteve totalmente contra a nova lei. O FDP-Grupo dos Liberais, é um partido de dimensões substanciais, e esteve dividido, com uma facção significativa contra a nova lei. Ambos os lados se mobilizaram fortemente. Todas as associações industriais se mobilizaram contra a Lei do CO2. Isto inclui a associação de distribuidores de combustíveis, de gasolina e de diesel, o Clube Automóvel Nacional, e a Associação dos Aeródromos, que inclui tudo, de pequenos aeródromos aos aeroportos internacionais de Zurique e de Basel. A associação de proprietários domésticos, e as mais pequenas associações empresariais também se mobilizaram fortemente para granjear o apoio de muito das classes médias ao “Não”.

O partido SVP, que promoveu fortemente o voto pelo “Não”, argumentou que a proposta “Lei do CO2” não só custaria mais, como, e seja como for, a sua eficácia seria questionável. E, aparentemente, o SVP granjeou eleitores bem além da sua base normal de apoio.

Porém, ainda existe o perigo de que o lobby climático suíço consiga, através de referendo, introduzir uma cláusula de emissões zero na Constituição suíça. Uma tal cláusula forçará o governo a implementar políticas de redução do CO2, e, para além do mais, assim que esteja transposta para a Constituição, será difícil de remover, mesmo com um novo referendo.

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CC/Heinrich-Böll-Stiftung/Stephan Röhl
Annalena Baerbock, candidata do Partido Verde para o cargo de Chanceler, na Alemanha. A (muito agressiva) política verde de Baerbock, é agora ameaçada por um alastrar do “Não” suíço para a Alemanha.

Repercussões na Alemanha

O primeiro país a sentir as repercussões do voto suíço será a Alemanha, que tem eleições nacionais em Setembro, e onde o Partido Verde está a organizar uma captura de poder para meter a líder partidária, Annalena Baerbock (formada pela LSE, a Escola de Economia de Londres), no cargo de Chanceler. Em Maio, as sondagens eleitorais estavam a dar 30% do voto ao Partido Verde. Porém, e por alturas de 6 de Junho, o Dia do Partido do Partido Verde este ano, as intenções de voto pelos mesmos tinham colapsado para 20%.

Escrevendo a 16 de Junho, Sebastian Viehmann, Editor Chefe da FOCUS Online, um dos maiores semanários na Alemanha, avisava das repercussões suíças na eleição alemã,

Enquanto que o Tribunal Constitucional Federal subordina tudo ao clima, as pessoas na Suíça decidiram de modo diferente, e rejeitaram uma lei de CO2. E, também na Alemanha, e como demonstrado pela disputa à volta dos preços da gasolina, não se ganham necessariamente eleições com alvoroço climático.

Depois, Viehmann avisa que os políticos não deveriam referir-se tão prontamente a “nós” quando se trata das políticas climáticas agora a serem promovidas.

Não fomos “nós” (ou seja, a população) a assinar quaisquer acordos climáticos. Em nenhum lado nos foi dado um voto sobre se queremos ou não subordinar as nossas vidas, os nossos empregos, os nossos tempos de lazer, ou a economia, ao que o governo federal define como proteção climática, e ao que assina neste ou naquele acordo. Quando se pergunta a opinião das pessoas (veja-se o atual exemplo suíço), isso pode criar um boomerang político.

A questão essencial é se os Democratas Cristãos e os Sociais Democratas, que, em seu próprio detrimento, têm tentado fazer-se mais verdes que os Verdes, vão aprender com este episódio, e se vão mudar as suas estratégias, para começar a dar resposta às preocupações reais da população: em particular, a crise económica. Será que os partidos políticos darão resposta à necessidade por reorganização financeira: pela separação entre banca comercial solvente, de um lado, e, do outro, bailouts e especulação? Os partidos lidarão com a deterioração das infraestruturas energéticas, hídricas, de saúde, e de transportes, e, da mesma forma, com a deterioração da base agroindustrial da Alemanha? Adotarão um programa de recuperação económica centrado em reconstrução e expansão de infraestrutura? Isso ganhará eleições, por contraste com suicídio climático.

O Green Deal da União Europeia Colapsará?

O “Não” suíço é comparável aos votos populares dos 2000s sobre a desastrosa Constituição Europeia, onde, em cada país onde a mesma foi referendada, incluindo França, Holanda, e Irlanda, os eleitores disseram-lhe não; embora, na Irlanda, um segundo referendo tenha “corrigido” o “voto errado”.

A E&T magazine (Engineering and Technology), baseada no Reino Unido, avisou recentemente a União Europeia de que

opinião pública à solta é a bête noire dos policy-makers climáticos, uma vez que pode possibilitar ou inviabilizar iniciativas essenciais como o Green Deal da UE, que está repleto de linguagem como “transição justa”, e “empregos verdes”, e “ninguém deixado para trás”.

A solução da E&T é a de que a UE seja mais esperta na promoção da sua política. Para além do mais,

A lição essencial que a UE terá de aprender do caso suíço (não que tal lição precisasse de ser reaprendida), é a de que decisões políticas complexas não devem ser submetidas a voto popular. [itálico adicionado]

O pacote “Fit for 55” (“Prontos para 55”) da UE, que exige um corte de 55% em emissões de CO2 até 2030, já causou divisão entre os líderes da cimeira da UE em Maio, e será novamente trazido à discussão na cimeira de Julho. Os ministros do ambiente de Bulgária, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia assinaram uma carta, a ser apresentada na cimeira, e apelando a alvos “realistas”, e a tomada em consideração dos “reais custos sociais, ambientais e económicos” do abandono dos combustíveis fósseis.

Todos estes países têm substanciais reservas de carvão, tal como dependem de centrais energéticas a carvão, e não podem dar-se ao luxo de infestar as suas áreas rurais com moinhos de vento e painéis solares, e de gastar capitais necessários em importações de gás. A Polónia está na linha da frente da luta contra a insanidade da UE, dado o fato de que não menos de 65% da sua energia é derivada das suas enormes reservas de carvão.

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CC/Anna Uciechowska
Na Polónia, onde 65% da energia é derivada do carvão, milhares de trabalhadores mineiros e metalúrgicos protestaram, a 9 de Junho, em Varsóvia, contra o encerramento do complexo energético e da mina de carvão de lignite de Turów, aqui mostrada. O Tribunal Europeu decidiu que os mesmos têm de ser encerrados, uma decisão que o governo polaco se recusa a implementar.

Milhares de trabalhadores mineiros e energéticos da Polónia, de 16 organizações sindicais, incluindo a Solidariedade (Solidarność), protestaram, a 9 de Junho, em Varsóvia, em frente do edifício da Representação da Comissão Europeia. Ostentaram cartazes com slogans como “Tirem as Mãos de Turów”. Isto refere-se à central energética e à mina de carvão de lignite, que o Tribunal Europeu decidiu, tem de ser encerrada—uma decisão que o governo polaco se recusa a implementar, e que está a desafiar legalmente.

Na linha da frente da ação sindical esteve a Solidariedade, a NSZZ Solidarność. Se nos anos 80, a Solidariedade liderava a luta contra dominação Soviética, hoje está a combater a dominação das opressivas políticas da União Europeia, que ignoram as vidas das pessoas trabalhadoras. O Green Deal está a ser comparado às infames políticas de terapia de choque que foram implementadas após a queda do comunismo, e pelas quais dezenas de milhares perderam os empregos de um dia para o outro. A política da “saída do carvão” está a repetir essas políticas brutais.

Jarosław Grzesik, chefe do Secretariado Nacional das Minas e da Energia do sindicato NSZZ Solidarność explicou à estação de rádio polaca TOK-FM, que a política da Comissão Europeia para abandono sequencial do carvão ameaça nada menos que 105,000 empregos na Polónia e noutros estados-membro da UE no Leste europeu, onde até 80% da eletricidade é baseada em carvão.

Manifestações similares estão a tomar lugar na Roménia, o país mais pobre da UE, onde a União Europeia está a levar artificialmente à falência companhias energéticas no setor do carvão, pelo forçá-las a comprar certificados de emissões de carbono. Isto está a acontecer sob o sistema de “cap and trade”, que está no centro do Green Deal. Apenas os especuladores beneficiam. Os ditados da UE impõem despesas proibitivas a companhias energéticas já afetadas por grandes dificuldades financeiras. E, outros tipos de companhias estão a perder subsídios estatais, agora considerados ilegais sob as novas regulações da UE. O carvão é a fonte de 20-30% da energia romena, e emprega dezenas de milhares de cidadãos romenos.

Só passou uma semana desde o voto suíço, e as repercussões prometem continuar a fazer-se sentir.

É suposto que a cimeira de Julho dos líderes da União Europeia reveja, e possivelmente aprove, nova legislação europeia para a implementação da “Fit for 55”. A legislação está a ser esboçada pela própria Comissão Europeia de uma forma totalmente utopiana, pela simples postulação de que há que cortar 55% em emissões de CO2, até 2030, sem sequer considerar um estudo de impactos económicos. A legislação europeia promete ser pior que a Lei do CO2 que foi rejeitada pelos suíços. Aumentará os custos para famílias individuais como para países inteiros, em especial na Europa central e de leste, onde o carvão é a principal fonte de energia, e onde os governos não têm os recursos para financiar as alegadas renováveis, que são demasiado dispendiosas. O próprio Viktor Orbán, Primeiro Ministro da Hungria, anunciou em Maio que não apoiará uma tal política, os custos da qual serão suportados pela população.

Com o voto suíço em pano de fundo, a cimeira da UE em Julho pode tornar-se num ponto de corte para a insanidade do Green Deal.

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Tradução: Rui Miguel Garrido

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