Este artigo é uma tradução de material originalmente publicado na edição de 13 de Novembro de 2020 da Executive Intelligence Review.
O “Reset Global” de Sua Alteza Real e a ditadura verde dos banqueiros
Por Claudio Celani e Marcia Baker
7 de novembro, 2020 (EIRNS) - No início de junho, o Fórum Econômico Mundial (FEM) e Sua Alteza Real, Charles, Príncipe de Gales, lançaram a iniciativa “Great Reset”, com o objetivo de promover políticas para apertar o controle financeiro e econômico global elitista – apresentado como uma forma de reconstrução pós-pandêmica. Em 3 de junho, o discurso de abertura foi proferido por Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Outros palestrantes incluíram os executivos-chefes da Microsoft, BP e Mastercard.
Desde então, a plataforma do Fórum de Davos conduziu uma série de conferências sobre o “Great Reset” (“Grande Reinício”), envolvendo centenas de palestrantes, para promover seu tema de “reconstrução”, ao mesmo tempo que, na verdade, apresentavam as particularidades de seu Green New Deal global – corte de energia, indústria, agricultura, infraestrutura , e outros meios de vida, embrulhados junto a compromissos como as metas de “zero emissões” e “novos sistemas”.
Enquanto essa campanha maligna está em andamento, alguns caracterizam erroneamente a ameaça do Grande Reinício como uma “ditadura da saúde global”. Alguns esclarecimentos sobre isso são necessários, e serão fornecidos abaixo.
Deve-se notar desde o início que a “Great Reset” é apenas uma continuação no período pandêmico da perspectiva anti-desenvolvimento ambientalista pré-COVID-19 das elites banqueiras centradas nas redes de Londres / Wall Street, e do Príncipe Charles em particular, que, afinal, é colaborador próximo de Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial. O FEM apoia o Conselho de Mercados Sustentáveis de Charles no desenvolvimento de maneiras de descarbonizar o mundo. Charles deu a palestra principal sobre um futuro verde na reunião de Davos 2020, em janeiro. Em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York, o FEM realizou um painel com o tema “Realizando uma ‘Great Reset’ para o Desenvolvimento Sustentável”, onde Charles discorreu sobre como o “Great Reset” exige um ambientalismo mundial através de um “plano semelhante ao Marshall” para descarbonizar o comportamento de consumidores, empresas, agricultura, investidores e todos mais.
O braço de fiscalização disso é a Finança Ambientalista (Green Finance), e entre suas principais figuras está Mark Carney, outro amigo de sua alteza real, Charles. Carney foi diretor do Banco da Inglaterra (2013-2020) e faz parte do Conselho da Fundação do FEM. Em 2018, no 70º aniversário de Charles, Carney fez um discurso no qual disse que, “Sua Alteza Real forneceu liderança inspiradora” por décadas sobre a necessidade de um horizonte verde.
Hoje, Carney – além de atuar como banqueiro privado em seu país natal, o Canadá – atua como Enviado Especial da ONU para Ação Climática e Finanças. Após o Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas, um acordo para reduzir a existência humana sob o falso emblema de salvar o planeta da morte em razão das emissões de carbono, Carney e seus banqueiros e camaradas bilionários, incluindo Michael Bloomberg, estabeleceram uma nova associação para restringir o crédito para que ele sirva apenas para fins ambientais selecionados, e não para energia de alta tecnologia, indústria, agricultura e infraestrutura. É a Força-Tarefa sobre Divulgação Financeira Relacionada ao Clima (Task Force on Climate-Related Financial Disclosure)..
Em 9 de novembro, Carney estará no painel de abertura de um evento do Great Reseat” do Forum de Davos intitulado “Green Horizon Summit — The Pivotal Role of Finance”. Ele vai até 11 de novembro e é co-patrocinado pela City of London Corporation, em colaboração com o Green Finance Institute e o FEM. Outros palestrantes do primeiro painel, intitulado “Cartografia do crescimento verde pós-COVID-19”, incluem Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu; Andrew Bailey, governador do Banco da Inglaterra; e Georgieva do FMI, novamente. Em 10 de novembro, Bill Gates falará, juntamente com Larry Fink, CEO da BlackRock. O príncipe Charles vair dar o discurso de apertura.
Assim como o “Great Reset” apresenta banqueiros e bilionários, em seu próprio nome, emitindo seus ditames sobre o que eles dizem ser permitido que aconteça sob suas regras ambientais, também outros cartéis e figuras financeiras importantes estão ativos em muitos setores econômicos para o Reset. Por exemplo, em uma reunião de cúpula do “Great Reset” sobre “Ações ousadas para a alimentação como uma força para o bem”, de 23 a 24 de novembro (online), o Fundo Mundial para a Natureza (World Wildlife Fund -WWF) é um co-patrocinador de um painel que afirma a perspectiva de que, a menos que sua atividade seja limitada, os humanos degradarão a Terra. O painel é intitulado “Impulsionando a Natureza – Produção Positiva”. Esta conferência é o lado de relações públicas da atividade do WWF em todo o mundo, em parceria, por exemplo, com a Cargill – o enorme cartel de commodities agrícolas, McDonalds e outros, para ditar como os alimentos são produzidos.
Os três pilares do “Great Reset”
Em seu discurso de 3 de junho no lançamento do “Great Reset”, a Sra. Georgieva destacou os três pilares da iniciativa. Ela disse: “Da perspectiva do FMI, vimos uma injeção massiva de estímulo fiscal para ajudar os países a lidar com esta crise, e para mudar os rumos para que o crescimento retorne, é de suma importância que esse crescimento leve a um mundo mais verde, mais inteligente e mais justo no futuro” [itálicos na transcrição do FEM]. Ela terminou seus comentários dizendo: “E eu quero dizer em alto e bom som que o melhor memorial que podemos construir para aqueles que perderam suas vidas na pandemia é construir um mundo que seja mais verde, mais inteligente e mais justo. … ”
Traduzido para a realidade:
Com o “crescimento mais verde”, a intenção é salvar o sistema financeiro falido com medidas que criem uma Bolha Verde gerada por gastos massivos do governo para uma “transição energética” para uma economia “livre de carbono”. O modelo para isso é a política do Acordo Verde da Comissão Europeia. Mark Carney é o seu campeão.
Na seção “crescimento mais inteligente”, é dada ênfase especial à economia digital e à superação da divisão digital entre os países do mundo. As tecnologias digitais, embora importantes, não podem substituir a energia, os transportes, as melhorias industriais e agrícolas e outras infraestruturas básicas, sem as quais o crescimento econômico é impossível, mas que a Grande Reinicialização ignora.
O terceiro pilar, “crescimento mais justo”, enfatiza a “expansão dos programas sociais”. Por trás das palavras bonitas, entretanto, está a intenção de administrar o aumento da pobreza com doações mínimas, em vez de eliminar a pobreza em todo o mundo.
Em suma, o “Great Reset” é apenas uma versão mais recente da política keynesiana adotada por Hjalmar Schacht, o Ministro das Finanças de Hitler, para simplificar o sistema financeiro de forma a resgatar os ativos dos super-ricos, arruinar a classe média, e destruir os pobres. Como John Maynard Keynes especificou na edição alemã de seu trabalho em 1936, The General Theory of Employment, Interest and Money, tais políticas são melhor implementadas por regimes autoritários.
Errando o alvo
Em vez de expor e rejeitar essa política maligna nesses termos, alguns adotaram uma versão distorcida do Reset Global, alegando que visa uma “ditadura da saúde” dirigida por Bill Gates e os chineses, para forçar a vacinação da população e ameaçar com expropriação aqueles que a recusam.
Embora os governos transatlânticos não tenham conseguido controlar a pandemia e estejam restringindo as liberdades para permanecer no poder, é perigosamente equivocado apresentar a vacinação obrigatória como parte de uma ditadura da saúde. A vacinação é uma conquista da humanidade. Existia muito antes de Bill Gates, e opor-se a ele por causa de Bill Gates é como ser contra as rodovias porque Hitler as construiu. O movimento no-vax é produto da mesma “fábrica de irracionalidade” que produziu movimentos radicais para deter o aquecimento “antropogênico” global e outras ameaças imaginárias.
NOTA DO TRADUTOR: Sobre o papel de Carney (acima citado) e o fundo gigante BlackRock leia: A Aliança entre Ambientalismo e Alta Finança: o Encontro em Jackson Hole.
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