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O seguinte é uma tradução de material originalmente publicado na edição de 22 de Outubro de 2021 da Executive Intelligence Review: o Relatório Especial “O Grande Salto Para Trás.”

15 de Maio, 1976

Porque é que Banqueiros Ignorantes Acreditam que Schacht Teve Sucesso

por Lyndon H. LaRouche, Jr

Nota do Editor: O artigo original, completo, foi publicado na Executive Intelligence Review, Vol. 3, Nº 21, de 25 de Maio, 1976, págs. 25-30

Esta é uma versão editada de um artigo, escrito há 45 anos atrás, pelo então Candidato à Presidência dos EUA, em nome do Partido dos Trabalhadores [U.S. Labor Party], Lyndon H. LaRouche Jr., sobre a significância malevolente de “economia Schachtiana”. O artigo completo está disponível aqui.

Qualquer analista político competente sabe que foram as políticas monetárias de Schacht que levaram, direta e inevitavelmente, à ascensão das práticas criminosas nazis nos territórios ocupados e, no sistema de trabalho escravo e de extermínio dos campos de concentração.” Aqui mostrado: Schacht a desfilar com Der Führer em Berlim, 5 de Maio de 1934.

Qualquer pessoa informada e moralmente sã no mundo, hoje, sabe que o nazi favorito da família Rockefeller, o Dr. Hjalmar Horace Greeley Schacht, era um homem tremendamente malévolo. Qualquer analista político competente sabe também que foram as políticas monetárias de Schacht que levaram, direta e inevitavelmente, à ascensão das práticas criminosas nazis nos territórios ocupados e, no sistema de trabalho escravo e de extermínio dos campos de concentração. Com efeito, quem quer que, hoje, tolere as políticas monetárias de Hitler e Schacht, está a apoiar diretamente o Holocausto nazi; o Holocausto contra seis milhões de Judeus europeus, em particular.

Infelizmente, muito poucas pessoas sabem que Schacht não era meramente um homem terrivelmente perverso, mas também um total e completo charlatão, na sua profissão de especialista monetário-económico. Seja em política monetária, seja em economia, Schacht não se limitava a não ser, de modo algum, nenhum “génio”, como era também pura e simplesmente incompetente. As competências de Schacht não eram as do economista, mas sim, e por inteiro, as do charlatão plenamente imoral. Qualquer economista competente sabe que as políticas de Schacht não funcionaram, e que nunca poderiam ter funcionado; qualquer esforço para argumentar o contrário resume-se a pura e simples fraude, ou ao paleio ignorante de tolos crédulos.

Ainda assim, e muito aparte dos explicitamente nefários financeiros atlantistas (e dos seus amigos, i.e. Kissinger, Schlesinger, George Ball, et al.), há inúmeros banqueiros, de qualquer outra forma inteligentes e competentes, que (como se fossem meros ignorantes) acreditam que Schacht podia ter salvo a economia alemã se tivesse sido continuado no poder após 1937. Esta ignorância criminosa entre tais banqueiros e outros não é acidental; como veremos ao longo deste relatório analítico sobre o problema. As teorias económicas de Schacht não representam, de fato, mais que uma elaboração do tipo de “teoria básica da economia” que podia ser brandida por um qualquer excecionalmente inescrupuloso vendedor de carros usados.

Este julgamento da competência profissional alegada de Schacht não é de modo algum um exagero; como veremos, aliás, dentro em breve.

Guerra Mundial: Mito e Realidade

A criação da Alemanha nazi, com o apoio inicial da família Rockefeller e de outros, é um fato que exige a seguinte questão: como foi, então, que Adolf Hitler, um fantoche atlantista, se veio a tornar no principal inimigo dos EUA e da Grã-Bretanha durante a II Guerra Mundial? A resposta a esta questão implica, de modo crucial, uma compreensão das políticas monetárias de Hjalmar Schacht e Adolf Hitler.

O apoio atlantista ao protégé de Schacht, Adolf Hitler, tinha dois objetivos essenciais. A título mais imediato, toda a estrutura de dívida imperialista do pré-II Guerra Mundial assentava sobre os alicerces da dívida de reparações que foi imposta à Alemanha de Weimar pelas Potências Aliadas vitoriosas na I Guerra Mundial. Entre 1923 e 1928, através do reescalonamento de pagamentos de dívida, e ainda de créditos provindos dos EUA, Weimar teve uma modesta recuperação. Como resultado das crises especulativas de 1928-1929 e do (subsequente) crash inevitável, a capacidade da economia dos EUA para emitir crédito adicional de base para o comércio mundial tornou-se limitada, e a economia mundial entrou numa reação em cadeia de colapso, direta e inevitavelmente levando às consequências dos períodos de 1931 e de 1932-1934.

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Crianças alemãs a brincam com uma pilha de marcos hiperinflacionados, usando-os como cubos de construção, 1923.
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Bundesarchiv Koblenz
Quando, na Alemanha, os marcos de papel inflacionaram à razão de 1 milhão por 1 marco de ouro, os salários tinham de ser entregues em sacas transportadas em carrinhos. 15 de Agosto de 1923.

Toda a alegada “genialidade” de Schacht durante o período de 1923-1928, incluindo o notório “jogo” do Rentenmark, não passaram de movimentações de peão, no tabuleiro de xadrez, em prol do jogador dominante nesta partida, os financeiros atlantistas. O Rentenmark, por exemplo, é um modelo direto para o “Banco de Recursos”, o truque de charlatanismo que o protégé de Rockefeller, Henry Kissinger, recentemente propôs ao setor em vias de desenvolvimento. A essência do Rentenmark foi um esquema para a hipoteca de bens tangíveis alemães, para criar garantias para (em especial) os empréstimos que estavam a ser avançados à Alemanha por banqueiros dos EUA. Sem esse crédito proveniente dos EUA, o Rentenmark não teria sido mais que uma tentativa infantil e ignorante de aplicar os princípios da masturbação a práticas monetárias.

Durante 1928-1929 e, uma vez que a única forma de manter a economia da Alemanha de Weimar acima do ponto de equilíbrio era uma massiva proporção de exportações industriais, o colapso da expansão do crédito estadunidense (que servia de base ao comércio mundial), veio a significar um colapso súbito para a economia alemã, que, em consequência, foi afundada abaixo desse ponto de equilíbrio. Após 1928-1929, e dado que a Alemanha não estava a criar um lucro nacional absoluto, não tinha, portanto, qualquer margem de rendimento nacional que pudesse alocar ao cumprimento das suas obrigações de dívida externa—na ausência de cortes drásticos em rendimentos reais e em serviços sociais, às custas da população alemã.

A “genialidade” de Schacht em 1928 resumiu-se a nada mais que uma proposta para cortar drasticamente salários e serviços sociais, como truque para cumprir pagamentos a credores externos. O mesmo tipo de proposta que poderia ter sido apresentado por proprietários imobiliários ignorantes, durante um episódio como o “Big MAC” [nota 1] em Nova Iorque.

Foi o chanceler Schmidt quem enfatizou que: “Temos de conceder, com a maior dor, que, não obstante com os mais aterrorizantes objetivos e, com os piores instrumentos, quem primeiro chegou às conclusões corretas, do ponto de vista monetário, foram, em última análise, Schacht e Hitler.” Com efeito, a versão modificada da austeridade de Schacht em 1928 que veio, mais tarde, a ser implementada sob Adolf Hitler, era apenas isso, uma versão ligeiramente modificada do esquema cru (na linha “Big MAC”) proposto em 1928.

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cc/Bundesarchiv
Schacht “resolveu” as capacidades declinantes da Alemanha para cumprir pagamentos de dívida externa pela pilhagem da riqueza dos corpos humanos e da capacidade industrial. Aqui mostrado: Trabalho forçado no campo de concentração de Sachsenhausen.

O problema específico que, na altura, em 1928, foi apontado à proposta de Schacht, era apenas e somente o de que resultava em desemprego em massa. Não é que este desemprego preocupasse os apoiantes atlantistas de Schacht (embora preocupasse toda uma série de estratos na Alemanha, por uma variedade de razões): o que os preocupava era o fato de que índices de emprego em colapso significavam que a quantidade de pilhagem total (tanto de capacidade industrial como à própria população) decairia, e seria insuficiente para cumprir com os pagamentos de dívida externa! Portanto, pelo retorno a emprego baseado em recrutamento compulsivo (incluindo os primitivos projetos Bauarbeit de trabalho escravo, pelos nazis), a taxa de pilhagem per capita de corpos humanos e de capacidades industriais da Alemanha foi aumentada. Uma vez mais, não se tratou de uma solução económica para a insuficiente produção de riqueza, mas simplesmente de um esquema mercantilista.

Porém, e no relativamente curto prazo, uma tal versão modificada de fraudes fascistas a grande escala, na linha “Big MAC”, falha ainda mais miseravelmente que as versões Brüning e Von Papen, como até os mais obtusos oficiais da Frente de Trabalho nazi começaram a descobrir, e a apontar a Hitler de 1936 em diante, o que acabou por levar à demissão do incompetente Schacht.

O problema era este: o aparente sucesso passageiro da “solução” de Schacht, em 1933-1936, era baseado no mero fato de que o recrutamento compulsivo do trabalho e da indústria do país vieram permitir o aumento, per capita, da taxa de pilhagem económica da riqueza da Alemanha; dos seus corpos humanos e das suas capacidades industriais. O resultado, uma espécie de introspeção canibalística inflacionária contra o corpo da economia afetada, onde a combinação de aceleração, taxas salariais fixas, qualidade declinante dos produtos por deutschemark de poder de compra, incapacidade de revitalizar capacidade produtiva física desgastada, e a piramidação de iliquidez de longo-termo, levou a economia nazi alemã a um tal ponto de crise interna em 1936, que o regime de Hitler teria colapsado imediata e totalmente a partir do momento em que duas divisões francesas atravessassem calmamente a fronteira para a Renânia, em resposta à violação hitleriana desesperada dos acordos de armistício.

Na ausência das conquistas militares alemãs, a política de Schacht teria levado ao colapso imediato da economia alemã, algures pouco depois de 1936.

Assim, o primeiro e mais imediato objetivo dos apoiantes de Hitler em Nova Iorque e Londres foi o de estabilizar os pagamentos de dívida externa da Alemanha. Isso viria a ser feito pelo uso da viciosa máquina nazi de Adolf Hitler, que era o único instrumento à mão para alcançar esse resultado.

O segundo objetivo, abertamente sugerido em círculos de topo nos EUA de 1936 em diante (pela mesma altura em que Roosevelt estava a conduzir a sua segunda campanha eleitoral), consistia nos propósitos militares atlantistas para o seu fantoche, Adolf Hitler. (Nesse ano, eu tinha catorze anos, e lembro-me vividamente de ler artigos para esse efeito na Pathfinder, uma revista que eu subscrevia.)

O ponto essencial para a compreensão das políticas militares atlantistas para o fantoche Hitler era o projeto Anglo-Germânico de 1915-1917, de Parvus. Certas forças entre os atlantistas britânicos tinham chegado à conclusão de que apenas a colonização da Europa de Leste, em especial da Rússia, poderia oferecer uma base material viável para a revitalização do já então desvanecente Império Britânico. Faltando-lhes os meios militares diretos para concretizar isto, os círculos britânicos relevantes (com crescente concorrência de certos círculos baseados em Nova Iorque) adotaram a política de utilização de potencial militar alemão para concretizar objetivos britânicos. Assim, Parvus foi insinuado, com sucesso, na boa confiança dos serviços secretos alemães, com início em meados de 1915; após uma série de esforços precedentes, e fracassados, para o mesmo efeito.

Foi por esta razão que o Exército Francês não entrou na Renânia em 1936. Foi por esta razão que o acordo de Munique (inexplicável do ponto de vista da correlação militar-estratégica de forças em palco nessa altura) foi assinado. E, que o Almirante Canaris recebeu a ordem de não levar a cabo o seu projeto de derrubar Hitler com um golpe militar, conduzido pelo exército. E, que a fase inicial da Frente de Guerra Ocidental de 1939-1940 foi descrita como uma “guerra a fingir”. Foi devido às perceções que Stalin tinha deste padrão (perceções essas que eram realistas, não obstante confusas), que o pacto Hitler-Stalin foi adotado: Stalin, que tinha razão em temer uma Guerra Nazi-Aliada contra a União Soviética, tentou colocar, em mãos nazis, os meios para que Hitler começasse por se virar contra a França e a Grã-Bretanha.

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Josef Stalin temia, com justiça, uma guerra conjunta Aliada-Nazi contra a União Soviética. Esta foto é de 1937.

Isto não serve para sugerir que Stalin foi qualquer coisa aproximada de um génio nesta matéria: Stalin era enormemente crédulo, como ilustrado pela questão Tukachevsky. O fato é o de que as linhas gerais do complô eram óbvias. Os esforços de Stalin para dividir os seus opositores foram também, obviamente, uma reação tardia aos aliados britânico e francês: rejeitar o plano Tukachevsky e reagir à pressa às políticas do acordo de Munique.

A Alemanha de Weimar e os seus movimentos fascistas, originalmente criados pelas agências de inteligência atlantistas, a trabalhar através das Potências em Ocupação em Berlim, não derivaram acidentalmente para uma tal postura. Do início de 1919 em diante, no máximo (e, como hoje está a acontecer), a política atlantista para a Alemanha era a de usar essa nação como peão de “defesa avançada”, para a contenção e invasão da República Soviética. Este projeto revelou-se inviável durante o período imediato do pós-guerra, e foi, dessa forma, adiado, mas não abandonado. A política básica britânica, como incorporada nos pontos essenciais do plano Parvus, nunca (desde então) foi abandonada pelo núcleo duro dos atlantistas.

Isto não é uma forma de propor que o presente objetivo imediato de Rockefeller e dos seus aliados é uma invasão concreta da União Soviética. Como enfatizado, de modo apropriado, pela Doutrina Schlesinger, os objetivos militares imediatos de Rockefeller são o esmagamento de toda a oposição política aos seus esquemas económicos fascistas, tanto no seio do setor avançado-capitalista, como no setor em vias de desenvolvimento.

O perigo de uma guerra termonuclear (seja nestas poucas semanas em diante, seja o mais tardar no Verão de 1977), advém do fato de Rockefeller contemplar uma capitulação da liderança soviética à possibilidade de confrontação nuclear, como aconteceu em 1962, como sendo a forma mais eficiente para aterrorizar, e reduzir à submissão total, a Europa Ocidental e o setor em vias de desenvolvimento. Advém ainda do fato de Rockefeller, e outros círculos, anteverem 1977 como última oportunidade para uma confrontação nuclear de sucesso com o Pacto de Varsóvia. Uma vez que essas forças de Rockefeller estão ensandecidas pelo seu presente desespero financeiro, estão a agir como lunáticos, cegos ao fato de que uma qualquer tal confrontação como a que propõem, inevitavelmente significaria uma guerra termonuclear no imediato.

Portanto, e de 1936 em diante, a política atlantista para os nazis mudou, para a adoção de uma postura pela qual Hitler era usado como um aliado “renegado” ou “fora da lei” (tal como, hoje, a Rand Corporation se propõe a empregar Dayan e Peres, de Israel, e Vorster, da África do Sul). Hitler, militarmente contido no Ocidente, tinha de resolver os seus problemas económicos internos através de pilhagem nos Balcãs e a Leste e, após a atrição de uma guerra contra o Exército Vermelho, tanto os nazis como a conquistada União Soviética seriam submetidos, pelas forças militares atlantistas, e pelos seus crédulos aliados franceses. (A Linha Maginot não era uma mera expressão de estupidez militar-estratégica entre círculos militares e relacionados em França. Expressava ainda a substituição da política de prevenção de revanchismo militar alemão—a política de Clemenceau, et al.—por uma política pela qual era permitido a Hitler que se rearmasse, sob contenção a partir de Ocidente).

Como enfatizámos, ainda noutros tratamentos deste problema geral das políticas nazis da II Guerra Mundial, a criação atlantista do Frankenstein nazi como um poder militar na Alemanha, produziu um monstro que já não podia ser controlado, como mero fantoche das forças patrocinadoras atlantistas baseadas em Nova Iorque e em Londres. Hitler, de meados de 1940 em diante, tornou-se visivelmente num perigo maior para poder atlantista, que o que era justificado pela necessidade material que a conquista da Rússia representava, para esses mesmos atlantistas. Daí, a mudança abrupta em políticas atlantistas a partir de meados de 1940, tal mudança levando aos desenvolvimentos posteriores dessa guerra.

Assim que Schacht e os seus apoiantes atlantistas tinham criado a ameaça Hitler, com base em políticas monetárias schachtianas, a sequela a isso (incluindo os sistemas de trabalho escravo e de extermínio nos campos de concentração) inevitavelmente produziu-se: uma consequência rigorosamente determinada pela política monetária de Schacht. Apoiar a política monetária de Schacht, uma política que então, como hoje, requer um certo tipo de regime político, significa comprometer-se com os mesmos crimes (até com crimes piores) que aqueles cometidos pelos nazis, durante o período imediatamente após a demissão de Schacht por incompetência.

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Rockefeller Archive Center
O Vice-Presidente Nelson Rockefeller (à direita) com o Secretário de Estado Henry Kissinger—“ insanos morais, pessoas para quem nenhum crime contra a humanidade, por monstruoso que seja, é proibido pela consciência.” 3 de Janeiro de 1975.

Porque é que Banqueiros se Tornam Tolos

Em casos exemplares como o de Nelson A. Rockefeller, estamos perante homens que são mentirosos flagrantes, e cuja estupidez é igualada apenas pela sua ausência de critérios e impulsos morais humanos. Nelson Rockefeller, e aqueles como ele, são insanos morais, pessoas para quem nenhum crime contra a humanidade, por monstruoso que seja, é proibido pela consciência. Depois, entre muitos banqueiros, industrialistas e outros atuais simpatizantes de relevo do revivalismo das políticas de Hitler-Schacht na Alemanha Ocidental, estamos perante um problema moral-intelectual algo diferente.

Estes homens e mulheres assustados, apanhados entre o horror cultivado para com tanques soviéticos, e o seu muito maior pavor de Nova Iorque, ignoram histericamente as vozes das suas consciências porque: (a) acreditam que uma política monetária Hitler-Schacht é a única escolha disponível; e (b) de modo desesperado e, provavelmente, devoto, desejam que, de alguma forma, não haja uma ligação rigorosamente necessária entre tais políticas monetárias e os “aterrorizantes objetivos e piores instrumentos.”

Essas pessoas, tais como outros antigos liberais em círculos bancários de Nova Iorque, e certos círculos Judaicos em redor do Congresso Americano Judaico, estão hoje a agir como muitos alemães de 1933-1945, porque (em parte) não conseguem compreender a real natureza do, e as soluções para, o presente colapso monetário capitalista global.

Tal como acontece com a maior parte dos capitalistas e pró-capitalistas, estas pessoas infelizes estão a tolerar políticas e aventuras fascistas globais porque não compreendem as regras elementares da economia capitalista. Assim, caiem na esteira do fascista Milton Friedman, e do ex-liberal atlantista Abba Lerner, para se tornarem admiradores do charlatão Schacht.

Tenho de temperar o meu julgamento dos alemães ocidentais de topo hoje; à luz das pressões externas que, sei, recaem sobre eles. Essas pressões incluem certas manipulações da histeria neurótica à volta da “questão russa”, uma histeria que afeta aquela população, tanto a partir dos cerca de 20 milhões de imigrantes do pós-guerra provindos do Leste, como das famílias daqueles que acreditam que os seus pais cometeram algum horror na Frente de Leste durante a guerra. Hoje é típico, por exemplo, ouvir um alemão a passar por cima dos fatos sobre Dresden, Hamburgo, Bremen, e assim sucessivamente, com a observação histérica de que: “Mas nós, naquela altura, estávamos do lado errado.”

A doutrina autorizada dos atlantistas para os alemães ocidentais é um foco no terror das tropas enraivecidas do Exército Vermelho que marcharam sobre a Alemanha de Hitler no fim da guerra; após terem passado pelas áreas da Europa de Leste recentemente ocupadas pela máquina de guerra nazi. É suposto (de acordo com doutrinas atlantistas autorizadas) que os alemães ocidentais se esqueçam que foram Schacht e Hitler que trouxeram esses horrores sobre a Alemanha, e que foram as Potências de Ocupação que criaram horrores de pós-guerra como a fome do “Inverno dos nabos”.

Eu, por mim, não caio na obscenidade de chauvinismo nacional à volta deste assunto. A fonte deste horror não é Helmut Schmidt, e assim sucessivamente, mas sim Nelson Rockefeller, David Rockefeller, John D. Rockefeller III, George Ball, John Connally, Ray Cline, Jacob Javits, Marcus Raskin, Ronald Reagan, Henry Kissinger, James Schlesinger, e assim sucessivamente.

Se nós, nos Estados Unidos, eliminarmos o poder dos nossos monstros fascistas domésticos, e libertarmos a Alemanha Ocidental dessa pressão, então estou confiante em desenvolvimentos positivos a partir desse país (os mesmos desenvolvimentos que predominaram, antes da conferência Rambouillet de último Novembro).

E se o Papel se Evaporasse?

Qualquer homem trabalhador ou mulher trabalhadora, que sejam inteligentes, podem compreender rapidamente a evidência elementar da estupidez generalizada agora prevalente entre banqueiros e entre a maior parte dos políticos. As seguintes ilustrações oferecem os pontos essenciais.

Primeiro, imaginemos (apenas imaginemos) que todo o papel representando dívida financeira era repudiado a toda a linha, deixando assim, com autoridade legal, apenas títulos de equidade a fábricas e assim sucessivamente. Com a economia real a permanecer em força legal, haveria uma solução abrangente à atual depressão? Sem dúvida, não haveria nenhum problema real a impedir recuperação total como, também, uma das maiores expansões económicas da História do planeta!

A economia é fundamentalmente baseada na equiparação das capacidades produtivas (quintas, minas, fábricas), e dos canais de distribuição, com o trabalho produtivo. Para colocar uma economia existente em moção contínua, é apenas necessário equiparar a totalidade dos pagamentos de rendimentos pessoais com a produção de bens de consumo pessoais, e expandir a produção total para além desse valor, para o propósito da produção de bens de investimento capital. Dadas as capacidades existentes, e também os imediatamente realizáveis meios para a modernização e expansão de capacidades em agricultura, extração mineira, outra produção extrativa e industrial (mesmo com a obsolescência e relacionada condição raquítica de muita da nossa capacidade produtiva), temos as capacidades físicas necessárias para lançar a maior expansão produtiva na História mundial.

Se, portanto, todo o papel de dívida em existência fosse invalidado, não seria uma dificuldade de maior o estabelecimento de um novo sistema monetário, com base na emissão de crédito para o desconto e redesconto de ordens relevantes de produção, envolvidas no reinício da produção.

Essa solução à atual depressão global é inteiramente praticável e, para além do mais, é o único tipo de solução para a presente crise. Porque é que, então, não está a ser colocada em prática? Porque é que a produção tem de continuar a colapsar, perante crescentes lacunas materiais? Porque é que tantas secções das indústrias básicas estão a colapsar, sob obsolescência e falta de manutenção básica apropriada? Porque é que os rendimentos reais estão a colapsar? Porque é que os serviços básicos médicos e higiénicos estão a sofrer cortes, precisamente numa altura em que uma catástrofe biológica global começou a emergir? Uma vez que existe, no imediato, uma solução direta e praticável para todos estes problemas, não será que a presente política dos EUA e dos outros governos inculpáveis é, em essência, insana, e até criminosa, nas suas implicações?

A fonte da dificuldade é, em parte, a malignância deliberada dos atlantistas de topo. É também, em parte, um fruto de mera ignorância dos elementares de economia, entre a maior parte dos círculos de topo.

Para constatar o mesmo ponto por outras palavras. Prevalece, entre economistas professos e outros, a ilusão de que o sistema de valores de papel corresponde diretamente a alguma realidade essencial da economia capitalista. Esta ilusão persiste, até ao ponto da histeria obsessiva, e até na face do tipo de ilustração que acima demos. O que estes responsáveis e académicos tolos e mal instruídos se recusam a compreender é que, se uma economia capitalista for definida do ângulo da propriedade capitalista dos meios institucionalizados de produção e distribuição, então torna-se muito viável eliminar massas inteiras de dívida, a par de outros papéis secundários e terciários, e rapidamente criar todo um novo sistema de crédito e, de superestruturas monetárias—sistemas monetários—, essencialmente através de um ato deliberado pelos governos.

A principal fonte de devotos professos do fascista Schacht é a massa de (anteriormente liberais) admiradores do monetarista britânico John Maynard Keynes.”

Keynes e Schacht

Aqui, é relevante notar que inúmeras pessoas em posições de responsabilidade, governamental e outra, vieram recentemente enfatizar que a principal fonte de aumento no número de devotos professos do fascista Schacht é a massa de (anteriormente liberais) admiradores do monetarista britânico John Maynard Keynes. O pró-fascista Milton Friedman de Chicago, o defensor das atuais políticas económicas fascistas no Brasil e no Chile, não podia propriamente ser designado de ex-liberal, e era (em toda a justiça) desprezado pela sua falta de poderes mentais, por keynesianos de topo como a Sra. Joan Robinson.

Porém, o protégé de Rockefeller, Abba Lerner, não obstante a sua associação próxima com o deplorável Sidney Hook, tem, em toda a verdade, credenciais como keynesiano oficial, e ex-liberal, antes da sua atual admiração pelo fascista Schacht, e da sua notória admiração pelo modelo brasileiro. Recentemente, houve a expansão significativa do número de keynesianos que transitaram para apoio aberto a doutrinas monetaristas fascistas schachtianas.

Esta suscetibilidade a doutrinas monetaristas fascistas entre keynesianos não é acidental. Não obstante diferenças de importância secundária em aspetos derivados das suas doutrinas. Schacht e Keynes provêm das mesmas assunções axiomáticas, e refletem a mesma total ignorância da existência de uma economia real, sob o nonsense continuamente reciclado e propagado de um sistema monetário desprovido da ancoragem a um rácio de reservas de ouro. Sempre que é atingido o ponto onde um sistema monetário keynesiano se torna bancarroto, os keynesianos tendem a tornar-se schachtianos, e a rejeitar o seu anterior liberalismo em prol de pontos de vista fanaticamente fascistas.

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EIRNS/Alan Yue
Sempre que é atingido o ponto onde um sistema monetário keynesiano se torna bancarroto, os keynesianos tendem a tornar-se schachtianos, e a rejeitar o seu anterior liberalismo em prol de pontos de vista fanaticamente fascistas.” Abba Lerner (em pé), protégé de Rockefeller, foi um dos que fez precisamente isso, durante um debate com Lyndon LaRouche (sentado) em Queens College, Nova Iorque, 2 de Dezembro de 1971.

Não foi irrelevante, para a popularidade dos pontos de vista keynesianos, entre antigos círculos académicos, que estes delírios eram mais prontamente aceites entre burocratas enterrados em papelada, e entre estudantes universitários acima da idade, que nunca desempenharam um dia de trabalho produtivo nas suas vidas.

O trabalhador industrial, e o agricultor, sabem que o seu trabalho transforma certas matérias-primas, e assim sucessivamente, para dar origem a um produto material completo, que compõe depois uma parte do espetro total da riqueza produzida tangível, da qual depende a existência material da economia e da sua população. O trabalhador no setor dos serviços, o condutor de camiões, o trabalhador ferroviário, o instalador de ar condicionado, e assim sucessivamente, também tem o sentido prático de fazer coisas, e de fazer as coisas funcionar. Consequentemente, e não obstante tais estratos da população possam (através da escola, ou de artigos ignorantes na imprensa, ou dos discursos de demagogos políticos e de banqueiros) ser infetados com nonsense monetarista popularizado, o fato é que, sob a camada de ilusões induzidas, as pessoas que, como forma de fazer as suas vidas, desempenham trabalho produtivo e serviços úteis, têm uma base de experiência pessoal que lhes permite compreender uma economia real.

Por contraste, considere-se o caso do estudante universitário que vai diretamente para a universidade a partir de um lar mimado suburbano, e que depois vem a tornar-se num professor, ou nalgum tipo de burocrata enterrado em papéis. Este tipo de pessoas constitui (e isto não é surpreendente) o estrato populacional que mais livremente fala dos “trabalhadores preguiçosos” nas atuais fábricas de aço e automóveis. Algo como os turistas embriagados e com salários demasiado altos que, após fazerem o circuito de luxo e lascívia da “La Dolce Vita” de Itália, voltam aos seus circuitos de cocktail, nos EUA e em vários países europeus, para confidenciar, “O problema com a Itália é...”

O que é que tais pessoas, a bebericar os seus cocktails e a petiscar hors d’oeuvres em refeições de negócios, em festas suburbanas de cocktails, em encontros de faculdade, e em encontros patrocinados pela fundação ou pela comissão Rockefeller—o que é que tais pessoas sabem da economia real? Para tais pessoas, a realidade, o que parece medir o sucesso ou o insucesso nas suas pequenas vidas, é a papelada, e é a repetição ritualizada de fórmulas verbais aprovadas, a adesão a preconceitos ignorantes. À imagem de Noam Chomsky, o malfadado “linguista” da Rand Corporation, o símbolo “científico”, do papel, é a única realidade que existe para tais pessoas.

O princípio primeiro da economia real é a produção aumentada de formas tangíveis de riqueza útil. Se o agregado total desta riqueza produzida permitir uma melhoria dos standards prevalentes de consumo pessoal e de oportunidades de lazer para a população inteira, e for suficiente para manter e melhorar capacidades produtivas agrícolas e industriais, então a sociedade assenta numa base estável. Qualquer aumento em formas utilizáveis de rendimento tangível acima de tais requisitos representa um lucro absoluto para a sociedade, a margem de lucro aumentado que faz o sistema capitalista funcionar, quando está a funcionar apropriadamente. Se a taxa de produção de riqueza cair abaixo de tais requisitos, então isso significa que a sociedade não está a produzir nenhum lucro, e que se encaminha para o desastre.

Este aumento, como qualquer agricultor ou trabalhador qualificado sabe, é baseado em avanços tecnológicos que, por sua vez, advêm de avanços em conhecimento científico. Para além do mais, o propósito de uma economia sã é o do aumento da margem de lucro absoluto para toda a sociedade, ao mesmo tempo que se avança o standard de consumo e lazer pessoal médio. Isto é feito pela introdução de relativamente avançadas formas de tecnologia produtiva, de tal forma a aumentar a produtividade média da produção como um todo. Esta mesma abordagem permite à sociedade emancipar-se da sua dependência de recursos naturais escassos e outros, pela transição para novos tipos de recursos.

Qualquer política económica ou monetária que avance tais objetivos é mais ou menos sã. Ao passo que, qualquer política monetária que não satisfaça tais critérios é incompetente e, ultimamente, pura e simplesmente insana. Se o sistema monetário existente não permitir os tipos de políticas indicados, então há que descartar esse sistema monetário, e estabelecer, em substituição, um novo e apropriado sistema monetário.

Porém, para o keynesiano, ou para o keynesiano degenerado, o schachtiano, o sistema monetário existente, como representado pela massa existente de obrigações de dívida financeira, é a primeira prioridade. Para o schachtiano, a economia é um mero meio para servir o sistema monetário. Ao passo que, do ponto de vista de capitalismo industrial, o ponto de vista são que é partilhado por trabalhadores e agricultores, o sistema monetário existe apenas para servir a economia.

Entre os atlantistas, a facção Rockefeller tem duas características distintivas que a tornam particularmente insana por disposição e, em particular, intrinsecamente fascista em ponto de vista. O que distingue os Rockefellers é o fato de que a orientação que têm para com a produção enfatiza matérias-primas, e.g. a simples pilhagem da natureza, ao passo que, em tudo o resto, a abordagem e os auto-interesses dos Rockefellers são puramente monetaristas em forma: a transformação de bens baseados em papel em mais bens baseados em papel. É um fato histórico que qualquer aspeto do poder capitalista que se oriente para a noção de que as matérias-primas representam a base da riqueza, tem uma tendência característica para ser ignorante das realidades da produção e da política monetária em geral. (Este problema infecta as nações da OPEP, para quem a transformação mágica, de petróleo no valor de uns meros tostões, em dez dólares ou mais de comodidade, através de práticas monopolistas factualmente insanas, veio, em parte, tornar essas nações OPEP tão suscetíveis a manipulações pelos Rockefellers e interesses relacionados.) Em adição a esta incompetência distintiva do grupo Rockefeller em geral, também há a ênfase da última década em esquemas puramente monetaristas como fontes de produção de riqueza.

Este conceito ignorante (na verdade, anti-humano) de riqueza encontra uma audiência recetiva entre os demagogos e os burocratas flatulentos (e, enterrados em papelada) que populam o status quo burocrático e as faculdades académicas.

Portanto, e de modo a tentar salvar um sistema monetário bancarroto, os Rockefellers e os seus miseráveis seguidores, e restantes lacaios, estão preparados para colapsar os níveis de produção mundiais, para libertar vagas internacionais de terrorismo cego, para usar controlo climático e terramotos manufaturados como instrumentos de guerra política contra nações amigáveis e, para lançar guerras nucleares regionais como mero exercício de condução de políticas, e, ainda, para destruir um enorme segmento da atual população mundial, através de doenças e guerras. Isto tudo para que Rockefeller et al. não tenham de vir a sofrer perdas na sua riqueza contabilística. Hoje, exigem Hitler e Schacht.

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Tradução: Rui Miguel Garrido 


[nota 1] A “Big MAC,” como era conhecida a Corporação de Assistência Municipal [i.e. Municipal Assistance Corporation], foi criada em Nova Iorque, em Junho de 1975, como projecto-piloto para a remoção, das mãos de representantes eleitos, do controlo sobre finanças governamentais, em prol da atribuição de controlo directo sobre essas finanças a banqueiros. O movimento LaRouche combateu tenazmente a criação da Big MAC, alertando para o facto de que Wall Street tinha deliberadamente enterrado a municipalidade em bancarrota, de modo a abrir as portas a esta política fascista. Aliás, tal como LaRouche (ainda em 1971, na sequência do desmantelamento do sistema de Bretton Woods) tinha avisado que viria a acontecer. O banqueiro que concebeu a Big MAC, e que viria depois a geri-la, foi Felix Rohaytan da firma de investimento Lazard Freres que, ainda décadas antes, tinha ajudado a financiar o regime nazi de Adolf Hitler. Rohaytan anunciou que Nova Iorque iria “passar pelo mais brutal tipo de exercício financeiro, e fiscal, que qualquer comunidade no país alguma vez terá de enfrentar.” Os pagamentos dos salários, e das despesas com serviços municipais, só eram permitidos na sequência do pagamento de todas as dívidas. E, quando foi demonstrado que isso era insuficiente para cobrir as dívidas aos banqueiros, Rohaytan elaborou planos para um Conselho de Controlo Financeiro de Emergência (EFCB). A este EFCB foram, em Setembro de 1975, garantidos poderes policiais e de emergência, equivalentes àqueles que se encontrariam sob um estado de insurreição. O EFCB desfez contratos municipais, e qualquer funcionário municipal que violasse as ordens do mesmo ficava em risco de acusação judicial e destituição. O número de sem abrigos explodiu, e houve a ascensão rápida das taxas de desemprego, pobreza e mortalidade, enquanto eram levados a cabo cortes impiedosos em educação pública, serviços de saúde, policiamento, colecta do lixo, et al. A Big MAC permaneceu em força até 2008. Porém, o EFCB continua em operação, embora com poderes ligeiramente diminuídos. [voltar ao texto]

 

Para informação adicional, enviar email a preguntas@larouchepub.com

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