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Este artigo é uma tradução de material originalmente publicado na edição de 22 de Janeiro de 2020 of Executive Intelligence Review.

LAROUCHE E AMELIA ROBINSON

O Dom Imortal de Martin Luther King

Nota do Editor: Estas apresentações foram originalmente publicadas na Executive Intelligence Review, Vol. 31, Nº 4, 30 de Janeiro de 2004, pp. 26-33.

Lyndon LaRouche fez a apresentação principal no Pequeno-Almoço de Oração Martin Luther King, de 19 de Janeiro de 2004, patrocinado pela Conferência Democrática de Talladega County (Alabama). O Reverendo Horace Patterson, Vereador Municipal, apresentou a primeira oradora, a heroína dos direitos civis Amelia Boynton Robinson, vice-presidente do Instituto Schiller; que, por sua vez, apresentou LaRouche.

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Domínio público
Martin Luther King dá o seu discurso “I Have a Dream”, a partir dos degraus do Lincoln Memorial, aos participantes da Marcha sobre Washington, em 29 de Agosto de 1963.

Reverendo Patterson: Antes de vos apresentar esta senhora dotada, quero enfatizar que ela tem sido uma ativista dos direitos civis… [o que] envolve trabalho fatigante, cansativo. A pessoa cansa-se; e, quando a pessoa se cansa, a força frequentemente desvanece-se, uma vez que não tem de se lidar apenas com ignorância, tem também de se lidar com estupidez. Pode-se resolver a ignorância pelo conhecimento. Porém, é difícil resolver a estupidez. É difícil resolver a estupidez. E, tantas vezes, na arena dos direitos civis, tem de se lutar até com as pessoas que se está a tentar ajudar. E isto, claro, torna esta senhora tão única.

É também um trabalho ingrato, de tempos a tempos. Tantas vezes, aqueles que dão de si mesmos descobrem que não têm direito a agradecimentos. Ela foi uma daquelas pessoas que tornaram possível ao Dr. Martin Luther King que fizesse o tipo de coisas que fez. Muitas pessoas que estiveram lá nesses tempos, compreendem. Quando era altura de registar pessoas para o voto, muitas vezes, muitos de nós tinham de ir às casas das pessoas, e era a primeira vez que as pessoas se registavam para votar. E, tinha de se fazer promessas. Dizia-se, “Eu tomo conta do bebé, se fores lá e te registares para votar. Eu lavo as tuas roupas.” Estou a falar a sério! “Eu corto-te a relva. Faço o que quer que seja, se fores lá votar.” E, tantas vezes, as pessoas que faziam este tipo de coisas não eram devidamente reconhecidas. O Dr. King compreendia isto e, portanto, mencionou esse fato quando recebeu o Prémio Nobel.

Toda esta linha de trabalho é também trabalho perigoso. É trabalho muito, muito perigoso. Porque, o mal que enfrentamos é sistémico. É um velho mal. E, muitas vezes, aparece vestido com novas roupagens. Mas continua a ser mesma velha coisa.

Portanto, e quando olhamos para as realidades do ativismo dos direitos civis, e quando olhamos para os obstáculos que têm de ser atravessados, é isso que torna esta senhora tão única. A Sra. Amelia Robinson foi uma das pessoas que marchou a Ponte Edmund Pettus, em 7 de Março de 1965. Foi espancada tão violentamente que pensaram que estava morta. Foi um dia horrível, horrível. Posso afiançar desse fato: nessa altura, eu era um miúdo novo, de 17 anos de idade. E, tenho tal respeito por esses adultos, por aqueles que passaram o horror, o horror daquela hora, e que, porém, mantiveram um espírito doce e abençoado.

Dos 1930s em diante, a Sra. Robinson e o seu marido envolveram-se nas lutas por direito de voto e por direito à propriedade, ao longo do estado do Alabama. Durante os 1960s, convidou frequentemente a equipa King, o próprio Dr. King, ao seu lar em Selma e ao seu escritório. E, muitas vezes, conceberam juntos estratégias que funcionaram. Em 1964, ela foi a primeira mulher afro-americana, mas também a primeira mulher, a concorrer pelos Democratas para o Congresso.

Hoje, a Sra. Robinson é membro de topo, e vice-presidente, do Instituto Schiller, fundado em 1984 por Lyndon LaRouche e por Helga Zepp-LaRouche. Em Abril e Maio de 1990, a Sra. Robinson passou cinco semanas a viajar pela Alemanha Ocidental e de Leste com o Instituto Schiller, e discursou perante milhares e milhares de cidadãos alemães sobre as lições de vida do Dr. Martin Luther King, Jr. Em 21 de Julho de 1990, a Sra. Robinson foi premiada com a Medalha de Liberdade Martin Luther King, Jr., honrando o seu compromisso de vida para com direitos humanos e direitos civis.

Hoje—nos seus noventas! Nos seus noventas!, e eu quero dizer-lhe, antes que ela se vá embora; o que quer que ela tenha estado a beber, quero uma garrafa disso! Hoje, nos seus noventas, a Sra. Robinson continua a ser uma líder vibrante e carismática, a viajar pela nação e a falar pelo Instituto Schiller, em prol dos princípios dos direitos civis e do ativismo.

Por favor, sejam amáveis o suficiente para conceder um aplauso caloroso à Sra. Amelia Robinson!

Amelia Boynton Robinson:
‘Pegadas nas Areias do Tempo’

Isso foi um tributo lindo. Mas é um tributo que me faz concretizar que ainda tenho imenso a fazer! Deus ainda não fez tudo o que tinha a fazer comigo. E, eu vou estar aqui. Calha que faço parte da turma B. Nunca fui suposto ser uma pessoa muito esperta: estou na turma B. Portanto, vou estar aqui! E, espero, estarei aqui para ver todos vocês a tornarem-se eleitores registados, e a usarem os vossos votos de forma tal a que possamos destruir os males que temos no nosso país.

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Martin Luther King discursa para um encontro de massas em Mason Temple, Memphis, em apoio à greve dos trabalhadores de sanitação pública. 18 de Março de 1968.

E, eu acredito que o Martin está agora a olhar para nós, Martin Luther King, que, para mim, era apenas “Martin”, porque sou velha o suficiente para ser mãe dele. E, quando ele veio a Selma, as pessoas rejeitaram-no.

Eu acreditava que podíamos criar um tipo de plano, em que vamos a diferentes sítios, e vamos conseguir que as pessoas percebam que um povo sem voto é um povo sem esperança. E, que a única maneira pela qual vamos fazer valer os nossos direitos, é pela urna eleitoral.

E, quando éramos pequenos, costumávamos decidir que íamos fazer uma resolução. E, claro, a cada ano a resolução era, “Já não vou contar mais histórias—ou mentiras!” Mas, hoje, eu gostaria de vos ver a tomar uma resolução: a resolução de que “Eu vou tornar-me num eleitor registado.” No caso de ainda não estarem a pensar nisso. Porque, se não votaram nos últimos dois anos, perderam. A resolução de que vão exercer as vossas capacidades como cidadãos estadunidenses, e votar. Gostaria que tomassem essa resolução, hoje, a de que vão exercer o vosso direito dado por Deus, e tornar-se eleitores registados.

Eu trabalhei com o Dr. King, e chorei quando ele veio a Selma. Porque, na rua onde o meu escritório ficava, era a rua onde tínhamos todos os profissionais afro-americanos. Nem um deles veio ter com ele para lhe dizer, “Obrigado por ter vindo.” “Fico feliz que aqui esteja.” “Gostaria de dar-lhe um copo de água.”. Ou, “Gostaria que viesse a minha casa.” Ninguém!

Porque, tem-se bem contra mal. E, as pessoas que eram más tinham medo de que nos viéssemos a juntar, porque sucediam pelo dividir para reinar. Portanto, disseram, “Não tragam o Dr. King a Selma.” Até me telefonaram, “Porque ele é um desordeiro. É um agitador. É um comunista!” E, a maior parte deles nem sequer sabiam o que era comunismo, mas é isso que os brancos diziam, portanto “Não vamos ter nada a ver com ele.”

E, alguns destes profissionais fecharam as suas portas. E, o único sítio que ele tinha para ir, era o meu escritório, e a casa. Portanto, eu concedi-lhes tudo isso. E, graças a Deus, de tudo isso veio, como sabem, não apenas Resurrection City, como também o 7 de Março, que se tornou conhecido como “Bloody Sunday,” “Domingo Sangrento.”

Portanto, eu quero que façam essa resolução hoje, a de que vão seguir as pisadas do Dr. King: o pequeno passo que é registarem-se, votarem, e tornarem-se cidadãos de pleno direito.

Ele foi rejeitado. Mas também o foi Cristo. Mahatma Gandhi foi rejeitado. Kennedy foi rejeitado. Martin Luther King foi rejeitado. Mas todos eles deixaram pegadas nas areias do tempo.

Mas, como sabem, Deus escolhe líderes para que tomem o leme, e para que levem as coisas para a frente. E nós temos, neste dia, um homem que está a caminhar nos passos de todas estas pessoas: uma combinação do tentar corrigir os males.

Nós, infelizmente, adormecemos após 1965. Em 1967, as pessoas obtiveram posições, e lutaram por elas. Mas, a geração jovem sente-se como se tudo já estivesse feito. Não temos mais nada para fazer: podemos entrar em qualquer hotel, podemos ir a qualquer restaurante. Não temos de nos sentar na parte de trás do autocarro. Mas, o fato é que as coisas ainda não estão resolvidas! O mau espírito… É como os bolores. Não sei se sabem alguma coisa sobre bolores, mas na casa da minha avó na Carolina do Sul, víamos o chão a rachar. Não conseguíamos ver o que estava por debaixo, mas era qualquer coisa como um bolor. E, à medida que cresce, racha o chão. Portanto, não sejam como o bolor. Venham ao de cima, e partam o chão, e libertem-se! Porque, a auto-estima é algo que toda a gente deve ter. Cada qual de vocês é o guardião do seu irmão, é um filho de Deus.

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Amelia Boynton Robinson foi a convidada de honra na cerimónia de assinatura da Lei dos Direitos de Voto de 1965, quando o Presidente Lyndon Johnson a assinou na Casa Branca, em Agosto de 1965.

Deus Cria Líderes

E, nós sabemos que temos de ter líderes. E, isto é algo que eu gostaria que cada qual de nós percebesse: que os líderes não são aqueles que sentem que, “Bom, eu quero ser um líder amanhã. E vou liderar.” Deus cria os líderes. E nós refinamos esses líderes. Graças a Deus que estamos agora no ponto em que já não olhamos para a cor da pele de um homem, mas sim para os conteúdos do carácter dele, independentemente de quem o mesmo possa ser.

Mas, temos de combater o ódio! E, estou tão feliz de que o cavalheiro ao meu lado seja um homem que dirá a quem quer que seja: o ódio não ajuda! O ódio apenas destrói quem odeia!

Havia um tempo em que as pessoas de cor eram odiadas pela cor da sua pele. Porém, o ódio é como—é como um cancro. Por vezes, começa apenas com uma pequena borbulha. E, se não for parado, cresce. Cresce numa chaga. E, depois, espalha-se para todo o resto do corpo. E é isso que o ódio tem feito. Agora, as pessoas já não são odiadas apenas pela cor da sua pele. Isto espalhou-se para as nossas cidades, para os nossos condados, até para a nossa nação: as pessoas odeiam!

E, este aqui, é um homem. Falem com ele, seja dia ou noite, acordem-no, e ele vai dizer-lhes, que o amor pode superar tudo; que temos de amar. Temos de olhar para o interior do outro. E, tenho muito orgulho em dizer que este cavalheiro é um homem que eu já conheço há muitos anos. E, isto não é por causa do que alguém tenha dito. Como o Martin. Quando Martin Luther King… antes de vir a Selma, disseram a Martin Luther King, “Não vás a essa área.” Ele era odiado. Porém, fez aquilo que era suposto ter feito. E isto é, aquilo que Deus queria que ele fizesse. E, então, Ele levou-o de nós. Se ele ainda estivesse vivo hoje, talvez os arruaceiros o tivessem morto mentalmente, em vez de fisicamente. Mas ele fez o trabalho que Deus tinha para ele.

E, eu penso nas pessoas como, digamos, uma escola. Aqui, a professora entra, e diz que “Hoje vou fazer um teste. Quero que tenham os lápis e as canetas à mão. Vamos fazer um teste.” Ok, nesta aula temos, Martin Luther King, e temos Mahatma Gandhi, e temos muitas outras pessoas, incluindo os Kennedys, incluindo Lincoln. Temos Lyndon LaRouche—e, por causa da minha idade, também me têm a mim!

Então, a professora distribui os testes. E então, ela diz, “Agora, quero ter a certeza de que estão quietos e a fazer o vosso trabalho.” E, assim que ela vira as costas, suponhamos, Martin Luther King vira-se e diz “Senhora Professora, já acabei.”

“Traz-me aqui o teu teste.” Ela olha para o teste. “Tens uma nota perfeita. Podes passar.” E ele desaparece de cena nesta Terra, e Deus diz, “Ascende para aqui um pouco mais. Fizeste um bom trabalho.”

Os Kennedys, 15 minutos depois, a mesma coisa. “Ok, tiveram uma boa nota, passam.”

Mas, 40 minutos depois (o tempo é apenas 45 minutos), muitas das pessoas já acabaram os seus testes, e passam. Passam quarenta e cinco minutos, a campainha já tocou—e, Lyndon LaRouche e eu ainda estamos a trabalhar!

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EIRNS/Bill Salisbury
Amelia Boynton Robinson apresenta Lyndon LaRouche no Pequeno-Almoço de Oração Martin Luther King, evento anual organizado pelo Comité de Talladega County da Conferência Democrática do Alabama. Este encontro em particular teve lugar em 19 de Janeiro de 2004, no Centro Baptista de Conferências de Shocco Springs.

Assim, estamos aqui por um propósito. E, fico feliz por ver um homem que não conhece cor. É daltónico. Está a trabalhar para as pessoas, para a raça humana. E, percebe que nós somos o guardião do nosso irmão, quer estejamos deste lado, ou do outro lado do oceano. E, também percebe que, a menos que as pessoas ao longo do mundo comecem a reconhecer pessoas, justiça, compreensão, amor, humildade, então ainda não completámos o nosso trabalho.

Portanto, apresento-vos, a alguns de vocês pela primeira vez, o homem que Deus ordenou como líder para as pessoas ao longo do mundo: Lyndon H. LaRouche.

Lyndon H. LaRouche, Jr.

Muito obrigado, minha jovem. Oh, muito obrigado Amelia! Ela é muito especial para nós, e para a minha mulher: quando digo “nós”, isto é também a minha mulher. Ela tem sido como uma mãe para a minha mulher. E, tem sido preciosa.

Nós temos dois problemas, penso eu, que deviam ser a base para refletirmos, hoje, sobre a vida do Martin. Um, temos uma crise nacional. Não vou ter papas na língua. E, também não vou tentar auto-promover-me politicamente. Porém, os fatos têm de ser contados. Esta economia está a colapsar! Hoje, em termos da infraestrutura económica básica, a situação dos Estados Unidos está pior que o que estava em 1933, quando Roosevelt entrou na Casa Branca, em Março.

Isto é, olha-se em redor: infraestrutura, energia, assim sucessivamente. As condições de vida do nosso povo, e à volta do mundo. E, não se olhe para as grandes cidades, onde eles montam uma fachada e dizem, “As coisas estão ótimas.” Olhe-se para as comunidades. Por exemplo, Detroit, agora, tem metade da população que costumava ter. Uma cidade industrial deixou de existir. Olhe-se para Birmingham, e vê-se como a mesma coisa está a ser reportada. Nunca foi rica. Mas, o senso de perda que têm, de perda, de perda, disto, daquilo. Essa é a situação nos Estados Unidos.

Depois, há uma indiferença, uma indiferença aos problemas dos Estados Unidos. 48, no mínimo, dos 50 estados estão bancarrotos, irremediavelmente bancarrotos. Ou seja, os estados não conseguem fazer a coleta fiscal que torne solventes as funções essenciais de governo, sem afundar a economia ainda mais. Isto é característico de, pelo menos, 48 estados.

E, está a tornar-se pior.

‘Estamos em Maus Lençóis’

Se olharmos para o custo de vida, o aumento real no custo de vida, por comparação com aquilo que é oficialmente reportado, olhe-se para os preços da comida nas mercearias, ao longo dos últimos seis meses, nos Estados Unidos.

Olhe-se para o fato de que o dólar dos EUA… ainda não há muito tempo, 83 cêntimos compravam um euro. Hoje, é preciso $1.26 ou $1.28 para comprar um euro. O dólar está a colapsar em valor.

O que está a aumentar, é a quantidade de dinheiro associado com jogo. E, a maior forma de jogo está a ocorrer em Wall Street. O dinheiro vai aumentar (de uma forma puramente especulativa, com apostas laterais sobre a economia), vai aumentar o valor dos preços das ações de algumas companhias. E, assim que alguma companhia se torna rica, os líderes da companhia vão para a prisão, como com a Enron. Porque saímos do negócio da produção para entrarmos no negócio da ladroagem. A natureza da economia.

Estamos em maus lençóis. Estamos em maus lençóis a uma escala global. Desde Janeiro de 2002 (altura em que o atual Presidente fez um discurso infeliz, no Discurso do Estado da União), a atitude para com os Estados Unidos caiu rapidamente para o mais baixo que alguma vez vi, de entre as nações ao longo do mundo. Ao longo da Eurásia, ao longo das Américas, os Estados Unidos são desprezados, onde antes ainda eram ao menos respeitados, ou até amados. Estamos em maus lençóis.

E, olhe-se para o mundo. O mundo enfrenta uma grande crise. E, os Estados Unidos enfrentam uma grande crise, nas suas relações com o mundo. As maiores concentrações de população no mundo são na China (por exemplo, a dado ponto, 1.3 biliões ou mais), na Índia (mais de 1 bilião) e, depois, tem-se Paquistão, Bangladesh, e os países do Sudeste Asiático. Esta é a maior concentração de população neste planeta. É uma parte emergente do mundo. A questão é, qual a relação dos Estados Unidos com estes povos da Ásia: que, de modo geral, representam backgrounds culturais diferentes dos nossos próprios nos Estados Unidos, ou na Europa Ocidental?

Como é que vamos encontrar paz num mundo perturbado? Como é que vamos encontrar reconciliação num mundo perturbado, com países que se viraram contra nós, devido às políticas de guerra do [Vice-Presidente Dick] Cheney e outros?

Portanto, esta é a situação que enfrentamos.

Agora, vamos retroceder um pouco, para o tempo em que Bill Clinton foi inaugurado como Presidente. Pensem numa coisa sobre a qual alguns de vocês até sabem qualquer coisa. Pensem sobre a situação do Agrupamento Negro no Congresso (Black Caucus), o Agrupamento Legislativo (Legislative Caucus), ou Agrupamento Congressional Negro (Black Congressional Caucus), em 1993, quando Bill Clinton entrou na Casa Branca. Agora, avance-se pela lista de nomes. Onde estão essas pessoas, e os seus substitutos hoje? Houve uma dissipação gradual das concretizações políticas dos agrupamentos negros ao longo do país.

Este é o problema com que lido constantemente, na verdade de 1996 em diante. E, tornou-se pior, acelerou. Brutalmente.

A Significância de Martin Luther King, Hoje

Portanto, e num sentido, hoje não estamos a enfrentar um problema novo. Estamos a enfrentar o mesmo exato problema, numa questão de princípio, que Martin enfrentou. E, que enfrentou com sucesso. E, eu proponho que, na lição de Martin Luther King, e da vida de Martin Luther King, há algo com o qual hoje podemos aprender, e que traz Martin Luther King de volta à vida, como se estivesse aqui na nossa presença, vivo, hoje. Há algo de especial na vida e no desenvolvimento de Martin Luther King, que tem hoje de ser capturado, por nós. Não apenas para dar resposta aos problemas da nossa nação, que se estão a tornar terríveis, como também aos problemas da nossa relação com o mundo como um todo. Como é que vamos lidar com todas estas culturas que são diferentes da nossa própria? Com uma cultura asiática; com as culturas muçulmanas ao longo do mundo (há mais de um bilião de muçulmanos ao longo do mundo); com a cultura da China, que é diferente da nossa; com a cultura do Sudeste Asiático, que é diferente da nossa; com a cultura de Myanmar?

Todos estes povos são humanos. Todos têm os mesmos propósitos últimos, as mesmas necessidades. Porém, são culturas diferentes. Pensam de modo diferente. Respondem a predicados diferentes dos nossos próprios. Porém, temos de ter cooperação pacífica com estes povos, para a resolução de problemas globais.

Aí, começa-se a pensar em alguém como Martin. E, eu quero indicar, no contexto que acabei de apontar, qual é a significância de Martin Luther King, hoje. Lição número um, não havia quem pudesse substituir a Martin Luther King. Martin era uma personalidade única. Não era meramente uma pessoa talentosa que calhou deparar com a liderança, e podia ser facilmente substituído por outros líderes que aprendessem o trabalho, e assumissem a liderança daí em diante. Não havia substitutos. Ninguém estava em posição de o substituir. Muitos gostariam de estar nessa posição—mas simplesmente não estavam à altura.

O que é que Martin tinha? Qual era a essência de Martin Luther King, aquilo que o tornava especial? Vamos comparar três casos históricos para esclarecer esta questão. Primeiro, o próprio Martin. Um outro, o caso da famosa heroína de França, Jeanne d’Arc (e, eu estou bastante por dentro dos detalhes da real história de Jeanne d’Arc—que, num sentido, de uma forma muito especial, é comparável ao caso de Martin). E, depois, vamos olhar ainda para um caso que, embora ficcional, aponta para o problema que enfrentamos: o caso de Hamlet, de Shakespeare, em especial o Hamlet do solilóquio no Terceiro Ato.

World Telegram & Sun/Dick Marsico
Martin Luther King dá uma conferência de imprensa a 6 de Novembro de 1964.

Portanto, qual era a questão? Martin Luther King era verdadeiramente um homem de Deus. Verdadeiramente. Era-o de uma forma que muito poucas pessoas conseguem de fato concretizar durante as suas vidas. E, não é apenas que ele era um homem de Deus: é que ele ascendeu à mais plena compreensão do que isso significa. Como é evidente, o modelo dele era Cristo, e a Paixão e Crucificação de Jesus Cristo. Essa era a fonte de força de Martin Luther King. Ele vivia-o. Ele tinha ascendido ao topo da montanha, ao ponto em que sabia que tinha a própria vida ameaçada por forças poderosas nos Estados Unidos. E, disse: “Não me escusarei a esta missão, ainda que me matem.” Tal como foi dito por Cristo, e tenho a certeza que isso estava na mente de Martin.

A Paixão e Crucificação de Cristo é a imagem que está na essência da Cristandade. É uma imagem, por exemplo, na Alemanha, e noutros lados, onde a Paixão de São Mateus, de Bach, é posta em cena. É um espetáculo de duas horas, aproximadamente. Durante essas duas horas, a audiência, a congregação, os cantores, os músicos, revivem, de uma forma poderosa, a Paixão e Crucificação de Cristo. E isto foi sempre importante: reviver esse momento. Capturar a essência daquilo que Cristo significa, para todos os Cristãos. E, Martin demonstrou-o.

A diferença é esta—e já voltarei a Jeanne d’Arc (ou, chamá-la-ei de Joana d’Arc). A diferença é que, as pessoas, na sua maior parte, tendem a acreditar, “Sim eu quero ir para o Céu”, ou qualquer coisa para esse efeito. Ou, não acreditam nisso. Não se interessam. Porém, estão à procura de respostas no decurso das suas vidas mortais. Estão a pensar nas satisfações da carne. Na segurança de que vão usufruir, entre o nascimento e a morte. Ao passo que o grande líder, como Martin, ascende a um nível mais elevado. Pensa na sua vida como um “dom”, como o Evangelho a apresenta. Ou seja, a vida é um dom que é dado à pessoa: nasce-se, e morre-se. Aquilo que se tem durante esse período é o dom que se tem. A questão é, vai-se gastar essa vida. Como é que se vai gastá-la? No que é que se vai gastá-la, para a garantir para toda a eternidade? O que é que se vai fazer, como missão, que garantirá o lugar que se quer ocupar para toda a eternidade?

Martin Luther King tinha um claro sentido disto. O discurso do topo da montanha, a mim, atingiu-me há anos atrás, tornou-se-me claro: tive uma clara compreensão do significado exato daquilo que ele estava a dizer, do que ele estava a dizer aos outros. A vida é um dom: o que conta não é o que se obtém da vida, mas sim o que se dá à vida.

Martin Luther King tinha-o. É por isso que era um líder. E, eu conheci muitos dos outros líderes que acompanharam Martin durante esse período. Não estavam propriamente à altura, não tinham a mesma faísca. Podem ter aceite a ideia. Podem ter acreditado na ideia. Mas, a ideia não os agarrou como agarrou a Martin. E, veio a agarrá-lo, tenho a certeza disso, mais e mais à medida que ele assumiu mais e mais responsabilidades. Como líder, sente-se isto. Vêem-se as suas próprias pessoas. Vêem-se as coisas com que tem de se lidar, o sofrimento; vê-se o perigo. E, tem de se encontrar no seu próprio interior a força para não vacilar. Para não comprometer.

O Martírio de Joana d’Arc

Tome-se o caso de Jeanne d’Arc, para comparação; Joana d’Arc, como é chamada. Esta é a história real: Joana d’Arc era uma figura tão significativa, no século 15, que a sua história foi meticulosamente documentada e verificada nessa época. Joana d’Arc era uma figura central em toda a Cristandade. E, foi uma protagonista essencial da História de França.

Aqui está ela, uma mulher, uma jovem mulher, oriunda de um meio agrícola, que é inspirada a acreditar que a França tem de ser libertada da terrível ocupação da nobreza Normanda. Que a França tem de se tornar numa verdadeira nação. E, que tem de ser ascendida da sua condição, para se tornar numa nação, para resolver os seus problemas; e, que esta era a vontade de Deus. Portanto, Joana d’Arc dirige-se, ao longo de uma série de eventos, a um Príncipe, que era o herdeiro nominal do trono de França. E, tendo entrado na corte com diversas credenciais, ela diz a este Príncipe, “Deus quer que te tornes Rei”. E, ele olha para ela, e diz, “O que é que queres de mim?”. Ao que ela responde, “Eu não quero nada de ti. Deus quer que te tornes Rei”.

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Estátua de Félix Charpentier
Graças ao poder, personalidade e missão de Joana d’Arc, a França mobilizou-se para a independência, tendo mais tarde vindo a tornar-se no primeiro Estado-nação da Europa. Esta estátua de Joana d’Arc pode ser vista perante a Basílica de Sainte-Jeanne-d’Arc, em Paris.

Graças ao poder, personalidade e missão de Joana d’Arc, a França mobilizou-se para a independência, tendo mais tarde vindo a tornar-se no primeiro Estado-nação da Europa. Esta estátua de Joana d’Arc pode ser vista perante a Basílica de Sainte-Jeanne-d’Arc, em Paris.

E portanto, graças ao poder, à personalidade e à missão de Joana d’Arc, o Rei deu-lhe o comando de um conjunto de tropas, numa batalha muito séria nessa altura, sob a assumpção de que ela seria morta na liderança dessas tropas, e de que isso resolveria o problema. Ela não foi morta. Ela ganhou a batalha! E liderou pessoalmente a batalha!

E, em larga medida, a França foi mobilizada para a ideia da sua independência em resultado disto.

Depois, vem a altura em que o Príncipe é coroado Rei. Mas então o Rei trai-a aos inimigos de França, aos Britânicos, aos Normandos. E ela é posta em julgamento pela Inquisição, o que é uma coisa horrível. Isto é o pior tipo de injustiça que se pode imaginar. E, no curso do julgamento, ofereceram-lhe um isco: “Se cederes só um bocadinho, rapariga, não te queimamos na fogueira, viva”. E ela disse, “Não”. Será que ela vacilou—“Talvez eu devesse comprometer”? Ela tinha padres lá, a tentar levá-la a comprometer. Ela disse “Eu não vou comprometer. Não posso trair a minha missão”.

Ela tinha ascendido ao topo da montanha. “Eu não trairei a minha missão. Continuarei em frente”.

Portanto, levaram-na. Amarraram-na a uma estaca. Empilharam madeira aos pés da estaca. Pegaram fogo à estaca, enquanto ela estava viva. Cozinharam-na até à morte. E então, abriram a pilha de madeira, para ver se ela estava viva ou se estava morta; descobriram que estava morta. E continuaram o processo: reacenderam o fogo, e queimaram-na às cinzas.

Porém, de tudo isso aconteceram duas coisas. Uma delas, a França reviveu e obteve a sua independência. E, mais tarde, tornou-se no primeiro Estado-nação moderno, o de Louis XI, ou seja, Louis Onze de França. E, a significância disso é esta, para nós hoje: por causa dessa vitória, por causa do que aconteceu com Louis XI de França, tivemos o primeiro Estado europeu no qual o governo assumiu responsabilidade sobre o bem-estar da universalidade do povo.

O bem-estar geral. Isto significa exatamente o que significa em I Coríntios 13, quando Paulo escreve sobre agapē; ou, aquilo a que por vezes chamamos “amor”, ou “caridade”. É essa qualidade. O que conta não é a lei, nem o livro de regras. O que conta é o amor que se tem à Humanidade. Tem sempre de se viver pelo amor à Humanidade. E, portanto, governo não é legítimo a não ser que esteja eficazmente comprometido com o bem-estar geral: não apenas o bem-estar de todas as pessoas, como também a melhoria das condições de vida da posteridade.

E, pela primeira vez, em França, e sob esse estado, o princípio de lei constitucional, de que o governo não pode tratar uma parte da população como gado humano. Um tal governo não é legítimo. E, não se está a falar de uma nação, se o governo tratar parte das pessoas como gado humano. Tem de pensar no bem-estar geral de todas as pessoas. Governo tem de ser capturado por um senso de responsabilidade para com todas as pessoas e para com a posteridade.

Porque, todos somos mortais. E para despertar em nós, enquanto estamos vivos, as paixões que nos impelirão a fazer o bom, temos de ter um senso de que a nossa vida, e a consumação da nossa vida, o emprego do nosso dom, significará algo para as gerações futuras.

As melhores pessoas, como Moisés, procuram alcançar coisas que vão acontecer quando já não estiverem por perto para delas usufruir. É este senso de imortalidade. É por isso que os pais, no melhor sentido, se sacrificam pelos filhos. É por isso que as comunidades se sacrificam pela educação, pelas suas crianças, por oportunidades para as suas crianças. Passa-se pelas dores do sofrimento e da escassez, mas tem-se o sentido de que se vai para algum lado, de que a vida vai significar alguma coisa. Que se pode morrer com um sorriso nos lábios. Que se conquistou a morte. Que se empregou sabiamente o seu dom, e que é por isso que a vida significará algo de melhor para as gerações vindouras.

Esse é o princípio subjacente! Esse princípio inspirou o homem que se veio a tornar Rei Henrique VII de Inglaterra, a fazer a mesma coisa contra o pérfido Ricardo III e, àquela altura, a estabelecer a Inglaterra como o segundo Estado-nação moderno.

E, num sentido, é isso que Martin Luther King estava a fazer, o mesmo tipo de processo.

Hamlet, e o Problema da Educação

Porém, e agora, olhemos para o outro lado da questão. Peguemos no caso de Hamlet: Hamlet diz que temos a oportunidade de lutar para nos libertarmos de condições horríveis, mas! Mas, o que acontece depois de morrermos? O que acontece para além da morte? E, é o medo do que acontece após a morte que torna as pessoas em cobardes. E, este é o nosso problema, nos Estados Unidos, hoje! É o problema da nossa liderança no Partido Democrático. É o problema no Partido Republicano, uma vez que nem todos os Republicanos são maus. Alguns deles são bastante bons. Tenciono incorporar alguns deles no meu governo, quando o estabelecer. Não sou particularmente partidarista, no que respeita à composição de governo. Sou partidarista no que respeita a estabelecê-lo.

Portanto, esse é o ponto. O problema aqui é o que se segue: [A maior parte dos estadunidenses não] acreditam realmente que o Homem seja diferente de um animal. É possível argumentar, em relação às escolas hoje, aos jornais hoje—é possível argumentar que os estadunidenses acreditam, a qualquer grau significativo, que o Homem é diferente de um animal?

Não ensinamos isso. Olhe-se para o nosso currículo standard. Muito de vocês sabem alguma coisa sobre educação. As nossas políticas educacionais hoje, são um crime. Não se sabe nada—aprende-se a passar um teste! E, uma pessoa pode perguntar-se se os sujeitos que criaram o teste sabem sequer do que estão a falar. São criados testes em várias partes do país, não para testar o que se fez aos estudantes, em termos daquilo que sabem. Às vezes, os estudantes saem a público e dizem, “Eu não sei nada”. Os estudantes de honra dizem, “Não aprendi o que quer que seja nos meus anos de escola secundária!” É a forma como as coisas estão hoje a ser ensinadas, sob os standards atuais.

O que estão realmente a testar é o treino de obediência dos estudantes, naquele distrito escolar, ou naquela parte do país, como medido por algum standard. Os distritos estão a competir por dinheiro! E o desempenho daquilo que os estudantes aprendem na escola (como em treino de cães) torna-se num standard para definir quanto dinheiro, e quantas honras, esse distrito vai obter no ano seguinte.

Já não nos importamos. Como nação, não acreditamos—não acreditamos em desenvolver pessoas! Tornámo-nos como Roma, a Roma antiga, uma sociedade de “pão e circos”. Apanha as tuas migalhas e sê entretido. E, o entretenimento torna-se mais e mais vicioso com a passagem do tempo.

Por exemplo, hoje, as pessoas trabalham? Têm uma mentalidade de trabalho? Acreditam no trabalho? Acreditam que a sociedade lhes dá a oportunidade de trabalhar? Não. Não lhes dá essa oportunidade. Dá-lhes a oportunidade de fazer algum dinheiro.

Qual a indústria de maior crescimento nos Estados Unidos? Jogo. O que é Wall Street? Jogo. O que é a Enron? Jogo. O que é que são estes tipos que estão a ir para a prisão em Nova Iorque? Jogadores.

A mentalidade do país é a de que, quando se está a ter sorte, e a ganhar a lotaria, e a ganhar nas corridas, então está-se a avançar na vida. Não obstante a indústria esteja a colapsar, a quinta tenha desaparecido, o governo municipal já não tenha a capacidade para garantir necessidades essenciais. Tornámo-nos numa sociedade de jogo.

Dependemos do quê? Entretenimento de massas! Que tipo de entretenimento de massas? Isto não é algo que deveríamos na verdade ter vergonha?

Já não encaramos seres humanos como humanos. Já não compreendemos o que é humano.

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EIRNS/Bill Salisbury
Lyndon LaRouche discursa no Pequeno-Almoço de Oração Martin Luther King, um evento anual organizado pelo Comité de Talladega County da Conferência Democrática do Alabama, no Centro Baptista de Conferências de Shocco Springs.

Comecei um movimento de jovens há uns quatro anos atrás. O movimento foca-se em pessoas jovens entre os 18 e os 25 anos de idade, ou seja, a faixa etária universitária. E, como se sabe, em condições normais, quando as pessoas chegam aos 18 a 25 anos, passaram de pensar em si mesmas como adolescentes (como sendo meio adultas, meio crianças), para se tornarem, num senso, adultas. Têm confiança adulta, impulsos adultos, e assim sucessivamente…

Se o Homem fosse um macaco, por exemplo, a população dos seres humanos neste planeta nunca teria excedido os vários milhões de indivíduos. Portanto, não se faça do Homem um macaco. Temos agora mais de 6 biliões de pessoas para cuidar neste planeta—e, o número está a crescer. O ponto é que o Homem teve a capacidade de descobrir o que nenhum animal consegue: de descobrir princípios físicos universais, e de aplicar os princípios assim descobertos à criação de melhorias na sociedade, desta forma aumentando o poder do Homem sobre a natureza, tal como se pode ler em Génesis 1: homem e mulher criados iguais à imagem do Criador, à semelhança do Criador, e responsáveis pela função da criação. É isso que somos.

Quando ensinamos ciências físicas, quando ensinamos artes Clássicas, e quando ensinamos História desse ponto de vista, o que estamos a fazer é, na verdade, a transmitir um senso da sua própria Humanidade aos jovens. Eles têm a capacidade de reencenar as grandes descobertas de princípio do passado, seja isso na arte, ou nas ciências físicas. E, quando sabem isso, conhecem a diferença entre si próprios e a besta. Tiram brio disso e dizem, “Somos humanos”. E, podem olhar uns para os outros com amor, um tipo de amor que é expresso na educação pelo tipo apropriado de turma: uma na qual os estudantes partilham uns com os outros o processo de descoberta por si próprios—um princípio que lhes é apresentado como um desafio e como um paradoxo.

Quer-se dizer, existe uma relação de amor. Numa turma de um tamanho de 15 a 25, típica, numa boa universidade ou numa boa escola secundária: na qual, aos estudantes, é dada a responsabilidade, o desafio, de tentarem desbravar o caminho para a descoberta entre si, uns com os outros. E, o bom professor tenta evocar este tipo de resposta dos alunos. Encontra dois ou três na turma que vão dar início à discussão, e tenta envolver a turma inteira na mesma. Portanto, o que surge disso não é o memorizar algo num manual. O que surge disso, é o processo de uma experiência social de descoberta do significado de um princípio, como se os estudantes tivessem feito a descoberta original por si mesmos. Isto não é feito pelo ensino do aluno individual (embora isso funcione por vezes)—, é feito pelo levar os estudantes a interagir, no processo de discussão!

É por isso que se quer uma turma entre 15 a 25 estudantes. Não demasiados, o que levaria a que alguns não participassem. E, não poucos de mais, para que deixe de haver o estímulo de dar início à discussão. Porém, é este processo social de relação, entre pessoas que se amam mutuamente, num sentido mais elevado, porque partilharam o processo de descoberta de um princípio; ou, porque compreenderam algo sobre História. Mas, partilharam isso! E, a ideia da partilha de conhecimento humano, como conhecimento humano, é o ato essencial de amor. E, ama-se a Humanidade, e está-se feliz com a Humanidade, quando se trabalhou com outras pessoas para fazer uma descoberta.

E, percebe-se que se pode confiar em tais pessoas para esse tipo de método. Tem-se um problema com elas? Bom, volta-se ao método. Fala-se com elas, da mesma forma que se faz numa sala de aulas. Discute-se a questão com elas. E, pessoas jovens que são assim são divertidas: discutem as coisas até às 3 ou 4 horas da manhã. Eu, frequentemente—sabem, quando dou uma apresentação a estes tipos, eles vêm falar comigo durante umas 4 horas. Dou-lhes uma apresentação de uma hora, ou qualquer coisa desse tipo, e atiram-se a mim—atiram-se a mim por todo o lado. Mas, é belíssimo! É maravilhoso! E, acredito que quem quer que já tenha estado em educação, sabe exatamente do que estou a falar. É lindo—é magnífico.

Portanto, este é o problema. Temos uma população, temos um mundo, no qual há uma escassez de pessoas que realmente compreendam, em pleno, o significado da diferença entre Homem e besta. Que o Homem é uma criatura que, como é definido em Génesis 1, é criada à imagem do Criador do universo.

Isto somos nós!

Porque transmitimos estas ideias, porque transmitimos este trabalho como nenhum animal pode, amamo-nos mutuamente. Amamos aqueles que vieram antes de nós. Amamos aqueles que vêm a seguir a nós. Preocupamo-nos com eles. De uma forma muito egoísta: uma vez que, ao empregarmos o nosso dom de vida, o nosso senso de beleza depende do que surgirá da nossa vida, nas gerações futuras. É por isso que amamos as crianças. São as nossas crianças. Amamos os netos, por vezes ainda mais que os filhos. Já que as nossas crianças tiveram a capacidade de produzir estas crianças—isso é ótimo! Quero dizer, amam-se os netos em especial. Em particular, quando as pessoas se tornam avôs, amam os netos em especial por essa razão.

Portanto, este tipo de amor está genericamente em falta na população, nos líderes.

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NARA/Arthur Rothstein
Martin Luther King foi daqueles raros líderes cujo amor se estendia ao assim chamado “homem esquecido”. O mesmo se aplicava a Franklin Roosevelt. “Quando se consegue expressar uma atitude amorosa para com os carenciados, tem-se a capacidade de representar o princípio sobre o qual governo moderno deve ser baseado.” Aqui, o Presidente Franklin Roosevelt fala com um agricultor do Dakota do Norte a viver de um subsídio de assistência em seca, Agosto de 1936.

Chegue-se ao ‘Homem Esquecido’

Martin Luther King tinha claramente esse amor. Ele era, no seu tempo, uma daquelas raras pessoas que são dotadas dum senso profundo do que significa ser um ser humano. Dum senso profundo da lição da Paixão e da Crucificação de Cristo. Martin Luther King tinha a capacidade de levar isso para a política (e, ele não entrou para a política para se meter na política, propriamente). Era um líder natural. O líder natural é um que ascende, não do processo político como tal, mas sim do povo. Martin Luther King nunca alcançou um cargo político. Porém, veio a tornar-se numa figura provavelmente tão importante, para os Estados Unidos, como qualquer Presidente moderno. Ele alcançou isso. A sua autoridade, como líder, vinha do povo. Martin Luther King lutou contra o povo, e ao lado do povo, para libertar o povo. Ele era um líder, no real senso do termo. O poder dele, como força política, na nação e no mundo, vinha da relação que mantinha com o povo.

E, essa é a nossa situação, hoje. E é por isso que estou tão satisfeito por estar aqui, e por ter esta oportunidade para estar com vocês: porque vocês tipificam aqueles que, neste país e no estrangeiro, estão a lutar pelo assim chamado “homem esquecido”. À imagem do que aconteceu com Franklin Roosevelt quando, em 1933, foi chamado à Presidência. Oitenta por cento da população dos Estados Unidos, em particular, e muitos outros ao longo do mundo, são o homem esquecido e a mulher esquecida. Ninguém se preocupa com eles. Tome-se o exemplo dos serviços de saúde, do historial dos serviços de saúde. Tome-se o exemplo de todos os tipos de coisas.

A única forma pela qual se pode renovar uma nação (à imagem da contribuição de Martin Luther King para a renovação dos Estados Unidos) é, tem de se ir ao homem esquecido e à mulher esquecida, em especial aos carenciados. Quando se consegue expressar uma atitude compassiva para com os problemas dos carenciados, aqueles que estão na mó de baixo na vida, então aí sim, tem-se a capacidade para representar o princípio sobre o qual governo moderno deve ser baseado. O mesmo princípio que, num sentido, foi tornado possível por Jeanne d’Arc, na sua contribuição para a ascensão de França como o primeiro Estado-nação moderno, dedicado ao bem-estar geral.

Quando se quer ser um verdadeiro político, tem de se estar comprometido com o bem-estar geral. Tem de se estar comprometido com a Humanidade. E, estar comprometido com a Humanidade significa olhar para a pessoa na pior condição, em geral—e, elevá-la! Aí sim, provou-se que se está interessado no bem-estar geral. Se não se vai àqueles mais em baixo, então não se está com o bem-estar geral. Se não se tem raízes na luta pelo bem-estar geral, então não se tem a capacidade de liderar a nossa nação, que é uma nação Constitucionalmente dedicada ao bem-estar geral.

Martin Luther King tinha isso.

Todos os grandes líderes da História têm tipicamente vindo desse tipo de background. Não eram líderes natos. Não foram eleitos para cargos políticos. Alguns deles acabaram por ser eleitos, durante o curso da vida. Porém, não se envolveram em liderança através de eleições políticas. Estabeleceram a sua liderança pelo encontrar as suas raízes na luta pelo bem-estar na Humanidade. Tornaram-se representantes de grupos que lutavam por esse direito; ou, advogaram em prol deste ou daquele grupo que estava a lutar pelos seus direitos. E, ascenderam a uma posição de liderança porque tinham carácter moral intrínseco, à imagem da Paixão e da Crucificação de Cristo.

E, à medida que as pessoas se envolvem mais e mais na atividade, e que a mesma se torna mais perigosa, à medida que se tornam mais influentes (a vida torna-se mais perigosa à medida que se adquire mais influência), então as mesmas percebem que estão a arriscar a vida. E, então, têm de se perguntar a si mesmas: “Pelo que é que vale a pena arriscar a minha vida? E, pelo que é que não vale? O que é que eu não vou trair, mesmo que a custo da minha própria vida?”

E, é-se atirado imediatamente de volta para a questão da Crucificação e da Paixão de Cristo.

A Paixão dum Verdadeiro Líder

E, este é o ponto em que estamos hoje. Martin Luther King tinha isso. O problema nos Estados Unidos, e no movimento, hoje, é que nós, no próprio movimento, tornámo-nos, digamos, “civilizados”, no “ir com a corrente”, para estarmos de bem com o status quo político. E, é na tendência para acreditar que é no “ir com a corrente”, no estarmos de bem, que está a estrada para o sucesso, é nessa tendência que se perde de vista a paixão que deve motivar um verdadeiro líder político. A paixão é este compromisso: tem-se um dom. Tem-se um senso daquilo que a vida significa. Tem-se um senso de obrigação, uma missão de vida para elevar a nação, para elevar uma proporção da população, ou toda a população.

E, não se vai fazer nada que traia isso! Isso dá poder à pessoa. Dá-lhe o poder para ser uma criatura feita à imagem do Criador vivo. Obtém-se esse poder. Martin Luther King obteve esse poder. Ele era um homem de Deus; não apenas criado por Deus, mas de Deus. Ele era um homem a quem o destino, no curso da vida, deu a missão de ser um homem de Deus. E, ele tinha a força para o ser. Ele tinha a força para caminhar a estrada de Cristo. Para caminhar por Gethsemane. Para passar pela Crucificação. Ele tinha essa força, tal como Jeanne à sua própria maneira também a tinha.

E, acredito, essa é a lição que tem de ser ensinada, que tem de ser compreendida, se temos alguma chance de salvar esta nação. Precisamos de obter esse poder. E, no que me diz respeito, de todas as imagens de líderes políticos recentes dos Estados Unidos, Martin Luther King (como líder nacional tanto como líder mundial—que também era, em termos da sua influência) é o melhor exemplo do tipo de personalidade que temos hoje de ter, que temos de desenvolver, para nos tirar do caos horrível e assustador que nos ameaça hoje.

Muito, muito obrigado.

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