A Crise dos Refugiados Atinge o Mundo Inteiro – Zepp-LaRouche: a Única Solução é o Desenvolvimento Econômico
Por Helga Zepp-LaRouche
18 de junho de 2018 – Segue abaixo a tradução do artigo de Helga Zepp-LaRouche, publicado originalmente no semanário alemão Neue Solidarität.
A história se escreve agora na Ásia:
o Encontro Europeu deve seguir o exemplo de Singapura
O contraste não poderia ser maior: em Singapura, o encontro histórico entre os presidentes Donald Trump e Kim Jong-un iniciou un processo que, para além da própria região, pode garantir a paz mundial no futuro; ao mesmo tempo, a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) anunciou uma nova era para a construção de uma nova ordem baseada na confiança, harmonia e desenvolvimento conjunto. Do outro lado se realizou o desunido e antagônico encontro do G7, cujos chefes de Estado e de governo europeus voltaram então para casa apenas para fazer arder ainda mais a nova disputa sobre a crise dos refugiados, e para reagir a essa crise com remédios tão inúteis quanto odiosos. É tempo de uma reorientação política no velho continente! A oportunidade imediata para isso é o próximo encontro da União Europeia em 28-29 de junho!
Apesar de todos os comentários cínicos dos suspeitos habituais na grande mídia, o inédito encontro entre Trump e Kim Jong-un não poderia ser possível sem o espírito da Nova Rota da Seda, que se espalhou particularmente na Ásia nos últimos anos. De fato, a ideia de incluir economicamente a Coreia do Norte como integrante da iniciativa chinesa Um Cinturão, Uma Rota e na União Econômica Euroasiática esteve muito presente ano passado, no Fórum Econômico Oriental realizado em Vladivostock. E no encontro Inter-Coreano de Panmunjom em abril desse ano, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, presenteou seu colega norte coreano com um cartão USB contendo planos detalhados para o desenvolvimento econômico do Norte.
A Casa Branca, em colaboração com o Conselho de Segurança Nacional, preparou um vídeo visando a perspectiva de uma Coreia do Norte próspera, industrializada e moderna – um sistema de trens de alta velocidade, os maglev de origem chinesa, parques industriais, um país que emerge – que Trump mostrou ao presidente da Coreia do Norte durante seu encontro, pouco antes da conferência de imprensa final. Só se pode recomendar às mentes ocidentais que tem sido “categorizadas” e recheadas de todos os prejuízos pela mídia, para assistir no link abaixo a conferência de imprensa de Trump. Um soberano presidente estadunidense apresentou as consequências de seu encontro: o desarmamento nuclear total da Coreia do Norte em troca de garantias de segurança, a retirada das sanções e a promessa de tornar próspera a Coreia do Norte. Além disso, anunciou o fim imediato das manobras militares dos EUA e da Coreia do Sul. Isso irá poupar muito dinheiro e são “muito provocativas”, de qualquer maneira.
O povo de ambas as Coreias reagiram entusiasticamente durante a transmissão ao vivo do Encontro e da conferência de imprensa. O presidente Moon repetidamente interviu com aplausos animados. Nós na Alemanha devemos relembrar a euforia do tempo da queda do Muro de Berlim para sentir o efeito produzido sobre a população local.
A China e a Rússia, em particular, não só conduziram importantes negociações de fundo com a Coreia do Norte nos preparativos para o evento, mas o governo russo também garantiu assistência ao desenvolvimento econômico, enquanto o governo chinês prometeu ajudar em proporcionar garantias de segurança para o país. O Ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, ressaltou a importância de se resumir as conversações entre “O Grupo dos Seis” para a implantação segura do acordo em nível internacional. O jornal chinês Global Times escreveu que a economia da Coreia do Norte não está tão dilapitada como com muita frequência se assume: “A Coreia do Norte tem vantagens econômicas e geográficas para integrar a Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, que irá ajudar o país a concretizar seu potencial econômico. Não será fácil, e não acontecerá da noite para o dia. Contudo, trazer a Coreia do Norte para a Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota para promover a integração econômica pode ser mais fácil do que as pessoas costumam imaginar”.
O quase simultâneo encontro da Organização de Cooperação de Xangai, onde Índia e Paquistão participaram pela primeira vez como membros plenos, foi aberto pelo presidente chinês Xi Jinping, com saudações a um futuro guiado pelo espírito de Confúcio, cuja terra natal é a mesma do lugar do encontro, em Qingdao, a província de Shandong. O Ministro de Relações Exteriores chinês Wang Yi descreveu os procedimentos da conferência como o início de uma nova era na criação de uma ordem internacional baseada na confiança e benefícios mútuos, igualdade, respeito pela diversidade e desenvolvimento econômico conjunto. Isso, ele explicou, pode transcender os conceitos ultrapassados de choque de civilizações, Guerra Fria, jogos de soma zero ou clubes exclusivistas.
Como foi diferente o encontro do G7 no Canadá! A foto mostrando a sra. Merkel, a Chanceler alemã, numa atitude de confronto com Trump, rodeada por outros chefes de Estado e de governo, é como uma expresão do rompimento da orientação geopolítica do pós-guerra, da formação “G6 contra 1”. Mas foi realmente só o G4, porque Trump, o Primeiro Ministro do Japão, Shinzo Abe, e o Primeiro Ministro da Itália, Giuseppe Conte, não concordaram com a manutenção das sanções contra a Rússia. A desunião dos europeus é claramente visível na questão da crise dos refugiados. Deveria ser óbvio para todos de que nem a ideia de fechar as fronteiras da Europa aos refugiados por qualquer meio é praticável, nem haverá união na UE antes do próximo encontro a base das “soluções” propostas até agora.
A proposta do Ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, de recusar a entrada dos refugiados nas fronteiras do país, se estão já registrados em algum outro país membro da UE, irá levar só fim do acordo de Schengen [que estipula o livre tránsito entre os países da EU], e assim à destruição dos fundamentos da união monetária. A ideia dos chamados campos de detenção em países como a Líbia, que descambou no caos interno como resultado da intervenção militar de Barack Obama, é tão bárbara que arrasta de uma vez por todas ao absurdo os chamados “valores ocidentais”.
É esperado que por volta de 2040 dois bilhões de pessoas viverão na África, uma grande parte delas pessoas jovens que precisam de educação, um emprego e de maneira geral, uma perspectiva para o futuro. O que o continente africano precisa são investimentos massivos em infraestrutura, capacitação industrial e na agricultura, do tipo preciso que a China fez nos últimos dez anos. A China ajudou em reduzir assim a pobreza na África de 56% em 1990 para 43% em 2012. No encontro de 2017 do G20, em Hamburgo, Xi Jinping explicita e repetidamente propôs a Angela Merkel cooperar com a Nova Rota da Seda na África. O governo alemão, por sua vez, repetidamente falou sobre um “Plano Marshall para a África”, mas além dos usuais projetos ambientais “sustentáveis”, campos de detenção e a segurança das fronteiras externas da Ue, nada foi para frente.
O novo Subsecretário de Estado no Ministério do Desenvolvimento italiano, professor Michele Geraci, publicou há pouco um memorando para a cooperação entre a Itália e a China, no qual ele identifica onze setores onde a Itália tem um interesse existencial na cooperação com a China. Entre outros pontos, o escrito diz: “A África e o imigrantes? Quem pode ajudar a África? China”. Geraci relata que a China fez a maioria das inversões na África e graças a China, a pobreza africana começou a declinar pela primeira vez. “A China oferece a Europa, e a Itália em particular, uma oportunidade única para cooperação na estabilização sócio-econômica da África, que não podemos deixar passar. Por isso, devemos estreitar a cooperação entrea Itália e a China na África”.
Se o governo de Merkel ainda estiver de pé quando esse artigo aparecer, existe um caminho muito bom a partir do qual a presente crise pode ser superada – da crise dos imigrantes à crise governamental e a crise da UE. Tirando o exemplo dado pelo Encontro de Singapura – que mudanças reais são possíveis e de que o passado não determina o futuro – o governo alemão deve assegurar que se mude rapidamente a agenda do próximo encontro da União Europeia, em 28-29 de junho. A cooperação da UE com a Nova Rota da Seda chinesa para o desenvolvimento da África deve ser feita como o única tema da agenda, e devem ser convidados Xi Jinping ou Wang Yi, assim como alguns chefes de Estado africanos que já cooperam com a China.
Se os líderes da UE, os representantes do governo chinês e da África emitirem uma declaração conjunta com o compromisso de realizar um programa de envergadura para a infraestrutura e o desenvolvimento panafricano, e prometerem para toda a juventude africana que o continente irá superar a pobreza num curto espaço de tempo, então tal declaração, graças a participação da China, terá toda a credibilidade do mundo na África, e poderá mudar a dinâmica de todos os países em direção a uma esperança definitiva no futuro, e assim imediatamente efetivar uma mudança na crise dos imigrantes. Isso também irá livrar a UE de sua atual crise de legitimidade e dar as nações europeias uma missão que irá colocar a unidade da Europa num nível bem superior.
Os chefes de Estado e de governo da Europa irão seguir o exemplo de Trump e Kim Jong-un? A perspectiva para o desenvolvimento africano em parceria com a China pode também dar ao presidente Trump a oportunidade tão esperada de superar o de outra maneira iminente risco de uma espiral na guerra comercial, e balancear o déficit fiscal dos EUA com o aumento das trocas comerciais, primeiramente com o investimentos em empreendimentos conjuntos em países terceiros.
A crise europeia, a crise dos imigrantes, a crise do governo alemão – tudo isso tomou tal proporção que a oportunidade para uma mudança do curso político pode absolutamente ser alcançada. O que agora é preciso é os líderes e a população fazer isso acontecer.
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